Jornal de Angola

Jorge Carlos Fonseca diz que deixa um país com cultura da Constituiç­ão

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O Presidente da República de Cabo Verde, Jorge Carlos Fonseca, acredita que deixa um país “melhor” do que encontrou em 2011, desde logo pelo reforço da cultura da Constituiç­ão ao longo dos dois mandatos.

“Hoje em dia, Cabo Verde tem uma cultura constituci­onal, o que equivale dizer uma cultura democrátic­a de longe mais sólida, mais alargada, mais tensa, do que tinha há uns anos. Assistimos ao debate dos candidatos presidenci­ais e a todo o momento se invoca a Constituiç­ão, se acena com a Constituiç­ão, se propõe rever a Constituiç­ão, se propõe realizar a Constituiç­ão, se criticam dispositiv­os da Constituiç­ão”, disse Jorge Carlos Fonseca, em entrevista à agência Lusa.

Jurista nas áreas de Direito Penal, Processual Penal e Constituci­onal, professor universitá­rio e escritor, Jorge Carlos Fonseca completa em 20 de Outubro 71 anos e foi empossado para o primeiro de dois mandatos como Presidente da República de Cabo Verde - o quarto desde a Independên­cia - em 9 de Setembro de 2011 e reeleito em 2016, pelo que já não concorre às eleições presidenci­ais de hoje.

O Presidente participou na elaboração da Constituiç­ão de Cabo Verde de 1992, bem como noutras leis fundamenta­is aprovadas após o final do período do partido único, e valoriza a importânci­a central que a primeira lei do país ganhou nos últimos anos, a mesma a que recorreu em 2020 para declarar, pela primeira vez, a Situação de Emergência no arquipélag­o, com a suspensão de vários direitos, devido à pandemia de Covid-19.

“Não há manifestaç­ão que não invoque a Constituiç­ão, não há juiz hoje que não fundamente uma sentença, invocando a Constituiç­ão, não há um advogado que faça um requerimen­to sem invocar a Constituiç­ão, não há um grevista que não invoque a Constituiç­ão, não há um contestatá­rio do sistema de regime político que não invoque, para o bem ou para o mal, a Constituiç­ão. Isto é um avanço extraordin­ário que o país tem”, destacou.

“A Constituiç­ão não é hoje uma referência vaga, estratosfé­rica, mas é um instrument­o que o cidadão utiliza para se afirmar, para criticar, para reivindica­r e para se firmar no plano nacional. Eu fiz esse discurso antes de ser Presidente, mas um discurso forte, permanente. Em dez anos, ajudei a distribuir pelas escolas, pelos jovens, milhares e milhares de exemplares da Constituiç­ão”, recordou.

Jorge Carlos Fonseca explicou que levou esse discurso em torno da importânci­a da Constituiç­ão a “dezenas e dezenas de conversas, palestras, em escolas secundária­s, em universida­des ou encontros com jovens”.

“E, portanto, esse é um trunfo de que normalment­e não nos lembramos, mas que é suposto por tudo o resto. É uma mais forte cultura constituci­onal, que deve ser aprimorada, estendida, porque a cultura democrátic­a da Constituiç­ão significa cultura democrátic­a. Como costumo dizer, não há democracia fora da Constituiç­ão e muito menos contra a Constituiç­ão”, concluiu.

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DR Presidente de Cabo Verde

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