França dá início à retirada do Mali
No cumprimento de um anúncio anteriormente feito, as tropas francesas iniciaram formalmente a sua retirada do Mali, no dia em que este país anuncia a reintegração de 13 mil ex-combatentes
A operação francesa Barkhane iniciou, terça-feira, a fase de transferência das suas bases militares para a Missão Multidimensional da ONU no Mali (MINSUMA) e as Forças Armadas malianas, noticiou a AFP.
Segundo o coronel Pascal Ianni, porta-voz das Forças Armadas francesas, “no quadro da adaptação do dispositivo militar francês na banda sahelo-sahariana (BSS), decidida em Julho de 2021 pelo Presidente Emmanuel Macron, começou a transferência francesa do controlo de Kidal para a
MINUSMA, em estreita coordenação com as Forças Armadas malianas.
A mesma fonte referiu que a zona situa-se no seio da base da MINUSMA, em Kidal, cidade onde as Forças Armadas malianas dispõem de um batalhão de infantaria motorizada (septuagésimo segundo RIM, resultante das forças reconstituídas). Actualmente estão em Kidal mil e 300 militares da MINUSMA e mais de 400 soldados malianos que asseguram as missões de protecção e de segurança.
“Uma coluna logística deixou Kidal na quartafeira, de manhã, ficando no local um destacamento da Força Barkhane, encarregue de efectuar as últimas formalidades administrativas e logísticas, antes da transferência definitiva na zona nas próximas semanas”, refere o comunicado da força militar francesa.
Em Junho, a França decidiu reorganizar o seu dispositivo militar no Sahel, deixando as bases situadas mais a Norte do Mali, nomeadamente Kidal, Tombouctou e Tessalit, prevendo reduzir os seus efectivos na região, de dois mil e 500 a três mil, até 2023. A transferência para a MINUSMA e as Forças Armadas malianas será efectiva nos próximos 10 dias”, disse o porta-voz, que insistiu sobre “a estreita colaboração com as autoridades e as Forças Armadas do Mali”.
Reintegração de ex-combatentes
O Secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, saudou, terça-feira, o engajamento do Governo do Mali de reintegrar 13 mil antigos combatentes, até ao fim do ano de 2021, e um número igual num período de três anos. “'Quanto ao Mali, a ONU felicita-se sobre o renovado engajamento das partes no que tange a aplicação do Acordo de Paz, no termo da reunião do Comité de Monitorização do Acordo de Bamako”, refere um comunicado do porta-voz do Secretário-geral da ONU, citado pela Reuters.
O documento sublinha que o anúncio do Governo maliano de reintegrar 13 mil antigos combatentes num prazo de três anos, no quadro do Programa de Desarmamento, Desmobilização e Reintegração em curso no país, é salutar e encorajador, exaltando ainda a vontade das partes de proceder à reinserção socioeconómica dos ex-combatentes já registados, dos quais 330 mulheres, por região.
O Comité de Monitorização do Acordo (CSA) estima que o anúncio da decisão é um avanço notável no processo de paz, e testemunha um engajamento firme das autoridades de transição em cumprir o acordo.
Nas próximas duas semanas, as direcções das partes reunir-se-ão para finalizar os detalhes técnicos da primeira etapa, incluindo a análise por actividades, segundo o comunicado.
A mediação internacional considera que a oferta do Governo de transição constitui uma base viável se se ater nos constrangimentos financeiros do Estado maliano, e exorta as partes a concluírem rapidamente, e no espírito construtivo, a discussão das questões ligadas às quotas.