Turismo interno gerou acima de 340 mil milhões de kwanzas
Dados do Anuário Estatístico do Turismo, lançado, ontem, em Luanda, com números do biénio 2018-2019, declaram que as receitas com a entrada de turistas são inferiores aos gastos dos viajantes que partem de Angola para o estrangeiro
O turismo interno representava mais de 340 mil milhões de kwanzas no período pré-pandémico, em 2018 e 2019, de acordo com dados do Anuário Estatístico do Turismo, lançado ontem, em Luanda, com números da actividade do sector relativos àqueles dois anos.
A publicação realça a tendência crescente do turismo interno naquele período, notando que as receitas registaram um aumento de 41,9 por cento em 2019, ascendendo em 58 mil milhões de kwanzas face ao ano anterior.
No biénio, as unidades de alojamento arrecadaram mais de 176 mil milhões de kwanzas, representando 51,9 por cento do total dessa categoria em que as receitas com o turismo internacional se situaram em 163 mil milhões de kwanzas, ou 48,1 por cento.
O anuário aponta que as receitas resultantes da entrada de turistas no território nacional no ano de 2019 foram inferiores às despesas de turismo no exterior, resultando num saldo deficitário, que pressupõe uma saída mais elevada de divisas, na perspectiva da balança de pagamentos.
Em 2019, no ano anterior à crise da Covid-19, quando os Governos de todo o mundo impuseram restrições às viagens, o défice do saldo da rubrica de viagens na balança de pagamentos agravou-se, ao ascender a 85,3 milhões de dólares, contra os 11 milhões de dólares do ano de 2018, enquanto as receitas tiveram uma redução de 29,4 por cento.
As viagens de negócio destacaram-se como principal motivo da entrada de turistas não residentes no território nacional, com 84,9 por cento do total, enquanto o turismo pessoal representou 15,1 por cento.
As viagens pessoais destacaram-se como principal motivo para saída de turistas residentes, com um peso de 89,9 por cento, e as viagens de negócio representaram 10 por cento do valor total.
Segundo o Anuário, a balança de pagamentos tem estado a registar défices sucessivos nos serviços de viagens desde 2017, derivado de factores como a redução dos investimentos do sector petrolífero e insuficiência de infra-estruturas básicas.
A Covid-19 tem tido um impacto significativo, prevendo-se um agravamento do défice, no futuro, pela incerteza em volta da evolução da pandemia.
Rede hoteleira
Em 2019, estiveram em funcionamento, em todo o país, mais de sete mil unidades hoteleiras, restaurantes e similares, bem como agências de viagens, o que corresponde a um decréscimo de 7,8 por cento ou menos 604 unidades que em 2018, indica a publicação.
O documento refere que este decréscimo deveu-se à redução, em 14,4 por cento, ocorrida no segmento de restauração e similares, com muitos a mudarem de actividade. Por tipo de unidades, os restaurantes e similares, com 68,7 por cento, e outros meios de alojamento, com 21,5, representaram as maiores ofertas da rede hoteleira em 2019.
Na distribuição geográfica, Luanda aparece com a maior rede hoteleira do país, detendo uma oferta de 39,5 por cento do total, seguida por Benguela, com 21,6 por cento, e Huíla, com 10,6 por cento.
No último ano do biénio, o país dispunha de 27 mil quartos, mais 8,0 por cento que em 2018, com o sector a representar 215 mil empregos, uma variação positiva de 0,94 por cento ou mais de dois mil postos de trabalho que em 2018.
Os restaurantes e similares, com 25,7 por cento, e os hotéis, com 24,9, constituíam as maiores proporções do emprego em 2019. O sexo masculino constituía 50,1 por cento dos postos de trabalho activos.