Produtores de sal vendem 900 toneladas às petrolíferas
Fornecimentos ocorrem até ao fim do ano e seguem-se à entrega de duas mil toneladas, no início do ano
Victorino Joaquim | As empresas filiadas à Associação dos Produtores de Sal de Angola (Aprosal) fornecem, até ao final de 2021, cerca de 900 toneladas de sal à indústria petrolífera nacional, menos 55 por cento que nas primeiras entregas, realizadas nos primeiros meses do ano, anunciou, ontem, em Luanda, o vice-presidente da agremiação.
Omar Rodrigues, que falava à imprensa à margem de um fórum consagrado aos “Desafios e oportunidades da indústria do sal em Angola”, onde participaram académicos, empresários e agentes do sector, referiu que o fornecimento dessa quantidade de sal ocorre depois de o sector petrolífero ter absorvido cerca de duas mil toneladas de sal da Aprosal, no início deste ano.
De acordo com o responsável, o primeiro fornecimento foi disponibilizado pelas regiões do Namibe, Benguela e Cuanza-sul, fruto de uma solicitação das empresas petrolíferas, marcando o que disse ser “um novo ciclo” de dinamização do sector salineiro no país.
O presidente da Aprosal informou que as empresas filiadas na associação produziram cerca de 164 mil toneladas de sal marinho em 2020, um aumento de cerca de 26,8 por cento face a 2019.
Angola, com três épocas de produção favorecidas pelo tempo seco, considerou, tem um grande potencial para a produção do sal. O país conta com 20 salinas, embora apenas 14 estão em produção, operando, em conjunto, a 80 por cento da capacidade disponível.
Apesar dos níveis de produção alcançados, o vice-presidente acredita que a produção de sal pode aumentar consideravelmente, caso a classe empresarial aposte mais: “grande parte das salinas em funcionamento é do tempo colonial”, disse.
Propostas concertadas
O líder empresarial chamou a atenção das autoridades de tutela para a necessidade de se preservar as áreas de reservas destinadas à produção de sal, para permitir o desenvolvimento da produção, apontando para a situação de salinas em que se assiste à construção desenfreada de residências, quando deveriam ser efectuadas demarcações para separar as zonas de residenciais e turísticas das reservas para produção do sal.
“O nosso país é grande, tem uma vasta costa e há necessidade de efectuar a demarcação de áreas que venham a servir somente para a produção de sal, como acontece na zona da Baía Farta, em Benguela, e no Tômbwa, no Namibe”, afirmou o responsável, a revelar propostas adoptadas pela Aprosal.
As demarcações, acrescentou, “também seriam feitas tendo em conta as zonas turísticas, mas, para isso, é preciso que haja estudos, e coordenação entre os governos provinciais e o Ministério da Agricultura e Pescas”.
Outras propostas, com as quais a associação pretende valorizar a produção e estabelecer um ambiente favorável ao crescimento, passam pela criação de uma indústria transformadora que se dedique ao segmento da cadeia do produto, projectando-o para a exportação, ao invés de se recorrer à importação de sal.
A Aprosal propõe, também, um IVA de 5,0 por cento como ideal para a tributação do sal, uma vez que a taxa de 14 por cento “tem estado na base de uma reduzida arrecadação de receitas, resultante do enfraquecimento das vendas.
Promovido pela Ordem dos Economistas de Angola (OEA) e a Faculdade de Economia da Universidade Agostinho Neto (UAN), o fórum visou promover reflexões e obter contribuições sobre o estado actual da indústria do sal em Angola, a fim de se encontrar caminhos sustentáveis para o desenvolvimento do sector.
Durante o fórum, foi apresentada uma plataforma que terá a missão de disponibilizar dados estatísticos sobre o sector salineiro, desde o número de empresas existentes, sua localização, número de armadores, funcionários, bem como níveis de produção.
A referida plataforma, que ainda está em fase de desenvolvimento, poderá servir também como loja virtual para comercialização do sal.
Fornecimentos de sal à indústria petrolífera são recentes e têm potencial para iniciar um ciclo de dinamização do sector