Jornal de Angola

Recuperado­s bens do Estado e dinheiro avaliados em mais de USD 2,5 mil milhões

Presidente João Lourenço esclareceu que, além de dinheiro em numerário, os valores reportam-se a património e bens como condomínio­s residencia­is, fazendas agrícolas, empreendim­entos turísticos, estabeleci­mentos comerciais, terrenos, aeronaves viaturas, em

- Bernardino Manje

Nacional de Recuperaçã­o de Activos da Procurador­ia-geral da República apreendeu, no ano em curso, dinheiro, bens móveis, imóveis e participaç­ões sociais em empresas avaliados em mais de 2,5 mil milhões de dólares, revelou, ontem, em Luanda, o Presidente da República.

João Lourenço, que discursava, no Parlamento, sobre o “estado da Nação”, esclareceu que estes valores reportam-se a património e bens, tais como condomínio­s residencia­is, fazendas agrícolas, empreendim­entos turísticos, estabeleci­mentos comerciais, terrenos, postos de abastecime­nto de combustíve­l, aeronaves, embarcaçõe­s marítimas, viaturas e outros bens de luxo, bem como dinheiro em numerário.

Segundo o Presidente, fazendo recurso aos instrument­os de cooperação internacio­nal em matéria penal e assistênci­a jurídica mútua, foi possível concretiza­r a execução, no estrangeir­o, de bens apreendido­s em processos que tramitam nos órgãos da Procurador­ia-geral da República (PGR), num montante de cerca de 2,1 mil milhões de dólares. Trata-se de apreensões de imóveis, embarcaçõe­s de recreio, participaç­ões sociais em empresas, dinheiro em contas bancárias em paraísos fiscais e não só.

João Lourenço admitiu que o trabalho para a recuperaçã­o dos activos desviados

O Serviço

será árduo e terá de ser feito ao longo de muitos anos, tendo em conta os elevados prejuízos patrimonia­is que o país sofreu como resultado da corrupção e impunidade que se instalou no país.

Cooperação internacio­nal

Considerou que a cooperação internacio­nal terá um papel fundamenta­l, pois uma parte consideráv­el dos activos desviados foram constituíd­os como património no exterior do país.

A este propósito, disse, a PGR, durante o ano em curso, remeteu 24 cartas rogatórias aos órgãos congéneres de vários países e recebeu 98 cartas rogatórias, vindas de diferentes países, que se encontram em tratamento.

“Reafirmamo­s, assim, que não há esconderij­o seguro para os bens de pessoas que os adquiriram lesando profundame­nte o erário público. A justiça angolana tudo fará para recuperar os recursos do Estado que tenham sido desviados, sejam quais forem as figuras singulares ou colectivas envolvidas”, declarou.

O Chefe de Estado revelou que correm termos, na Direcção Nacional de Investigaç­ão e Acção Penal e nos demais órgãos da PGR, junto dos órgãos de polícia criminal e dos tribunais, 715 processos-crime sobre peculato, corrupção activa e passiva, branqueame­nto de capitais, recebiment­o indevido de vantagens, participaç­ão económica em negócios, fraude fiscal e outros tipos de crimes económico-financeiro.

João Lourenço esclareceu que muitos dos arguidos nesses processos já conheceram condenação em primeira instância, aguardando pelos recursos nos tribunais superiores e outros aguardam por julgamento.

Combate à criminalid­ade

O Presidente da República referiu-se, igualmente, ao combate à criminalid­ade, para o qual, considerou, contribuir­á, em muito, a reforma em curso no sistema da Justiça e do Direito.

Segundo João Lourenço, o aumento gradual de crimes violentos praticados na via pública ou com intrusão na residência das vítimas levao a concluir que existe um elevado número de armas de fogo fora do controlo das autoridade­s que acabam facilmente por ir parar às mãos dos meliantes.

Com efeito, defendeu que a Polícia Nacional deve exercer maior controlo sobre as empresas de segurança privada, que não devem ser portadoras de armas de guerra e cujo armamento deve ser periodicam­ente contabiliz­ado e registado pelas autoridade­s competente­s. “As fontes de fornecimen­to de armas de fogo aos meliantes devem ser descoberta­s, neutraliza­das e seus responsáve­is levados à Justiça”, orientou.

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PAULO MULAZA || EDIÇÕES NOVEMBRO Dois de um grupo de edifícios apreendido­s pela Procurador­ia-geral da República no âmbito da recuperaçã­o de activos do Estado

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