Jornal de Angola

Nova Divisão Administra­tiva não é imediatist­a nem eleitorali­sta

- Augusto Cuteta

O Presidente João Lourenço esclareceu, ontem, que a “alteração da actual Divisão Político-administra­tiva não é um projecto imediatist­a de curto prazo, com fins eleitorali­stas” a ser realizado até ao pleito do próximo ano.

Durante o discurso à Nação, na Assembleia Nacional, o Chefe de Estado explicou que o projecto enquadra-se na visão de futuro do Executivo para um horizonte temporal mais amplo.

“Se queremos o desenvolvi­mento harmonioso do nosso país e o esbater das assimetria­s regionais, o importante é reconhecer­mos, para além de outros aspectos, a necessidad­e de se alterar a actual Divisão Político-administra­tiva e se implantare­m as autarquias locais sem que um empate o outro”.

Por isso, João Lourenço apela para a necessidad­e de se demonstrar os bons fundamento­s do projecto, tal como aconteceu com o Plano Integrado de Intervençã­o nos Municípios (PIIM) ou com a Revisão Pontual da Constituiç­ão.

“A nossa missão é a de estudar, analisar e apresentar sempre as melhores soluções para os problemas da Nação que, não sendo perfeitas, como é óbvio, estão sujeitas a contribuiç­ões e à crítica da sociedade”.

Apesar do que considera “boa reacção” do país, em relação ao projecto, o Presidente da República chamou a atenção da iniciativa do Executivo da nova Divisão Político-administra­tiva, com o surgimento de mais províncias, ser aprovada e implantada “quando o assunto estiver maduro”.

João Lourenço justificou que a aprovação de uma nova Divisão Políticoad­ministrati­va depende, também, de um conjunto de factores demográfic­os, etno-linguístic­os, culturais, económicos e de outra ordem.

Em função disso, referiu que se fez uma consulta presencial e virtual às populações e autoridade­s das regiões visadas, para que opinassem sobre os limites territoria­is, nome da nova província e a localizaçã­o da capital.

O Chefe de Estado considerou que este constitui o início de um processo que é fundamenta­do no facto de Angola ter tido um desenvolvi­mento desigual desde os primórdios da ocupação colonial, que desenvolve­u o território em diferentes velocidade­s.

“Ouvimos com alguma persistênc­ia a necessidad­e de se ir corrigindo as assimetria­s regionais resultante­s desse facto histórico”, disse, para avançar que a mudança deste facto precisa das melhores soluções e programas, cujas sementes devem ser lançadas hoje e os frutos serem colhidos amanhã, a médio e longo prazos.

“As assimetria­s combatem-se com o desenvolvi­mento local, que tem maiores chances de sucesso, caso se implante e fortaleça o poder local, através das autarquias”, considerou o Chefe de Estado.

Além disso, o Presidente disse que as assimetria­s são, também, combatidas ao se levar o poder do Estado, a Administra­ção Pública e seus serviços, mais próximo do cidadão, através da desconcent­ração e descentral­ização.

“Os dois poderes, do Estado e o autárquico, não se combatem, não se anulam, complement­am-se, perseguind­o ambos o mesmo fim, o de servir cada vez melhor o cidadão”, afirmou.

Na actual realidade do país, o Presidente considerou ser difícil governar províncias com uma extensão territoria­l três a quatro vezes superior ao território de muitos países desenvolvi­dos. “São regiões, onde de um extremo a outro, se pode levar mais de uma hora de voo, com municípios distantes da capital da província, às vezes, com mais de 600 quilómetro­s por estrada”.

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