Jornal de Angola

Obras de duas barragens vão ter início em breve

O Chefe de Estado informou que a construção dos referidos empreendim­entos hidroeléct­ricos tem início em breve, para resolver, em termos muito significat­ivos, o problema da falta de água no Cunene

- Augusto Cuteta

As obras de construção das barragens do N’due e Caluqueve, na bacia do rio Cuvelai, no Cunene, arrancam em breve, podendo ser concluídas dentro de dois anos, anunciou, ontem, o Presidente João Lourenço.

A conclusão das duas barragens, sublinhou, vai resolver, em termos muito significat­ivos, o problema da falta de água no Cunene.

A barragem do Caluqueve e seu canal associado vão contar com uma extensao de 111 quilometro­s, entre a comuna da Mupa ate à cidade de Ondjiva. A do N'due e seu canal serão erguidos numa extensão de 75 quilómetros, entre N'due e Embundo.

Ao apresentar a mensagem sobre o estado da Nação, o Presidente avançou, ainda, que o sector das Águas, desde 2017, beneficiou de um número significat­ivo de projectos em sedes provinciai­s, com destaque para a expansão dos sistemas de abastecime­nto de água do Lubango, Uíge e Luena e a construção de novos sistemas nas cidades do Huambo, M’banza Kongo e Cuito.

Com essas acções, disse, foi possível aumentar a produção de água em mais de 150 mil metros cúbicos por dia. Salientou que a construção dos Sistemas de Abastecime­nto de Água de Cabinda e de Malanje encontra-se em avançado estado de execução, prevendo-se a sua conclusão no decurso do próximo ano.

Combate aos efeitos da seca no Sul

João Lourenço considerou o combate aos efeitos da seca no Sul do país como outro programa de grande utilidade para o Executivo. Neste âmbito, referiu, decorre a bom ritmo o projecto do Cafu, que compreende a construção de 160 quilómetro­s de canais e chimpacas, para atender mais de 250 mil habitantes do Cunene, no decurso do primeiro trimestre do próximo ano.

Mais energia

O número de famílias a beneficiar de energia eléctrica da rede pública, no país, conheceu um aumento substancia­l, nos últimos quatro anos, ao atingir mais de 1.700.000 consumidor­es contra os anteriores 1.200.000, revelou o Presidente da República.

João Lourenço realçou que o alcance dessas cifras foi possível graças aos investimen­tos realizados no aumento da capacidade de produção e transporte de energia e na ampliação das ligações domiciliar­es em várias cidades e vilas do Bié, Zaire, Luanda, Benguela, Cabinda e Huambo, o que permitiu fazer crescer o número de beneficiár­ios em mais de 472 mil famílias.

Integração da rede eléctrica

O Chefe de Estado anunciou que está em fase de preparação a interligaç­ão entre as regiões Centro e Sul, o que culminará com a integração na Rede Eléctrica Nacional das províncias da Huíla e Namibe.

Neste momento, referiu, a potência total instalada no país situa-se em 5.9 gigawatts, superior em 44,5 por cento, quando comparada com a potência instalada no ano de 2017.

O Presidente João Lourenço justificou que o desempenho deste indicador é explicado pela entrada em funcioname­nto de vários empreendim­entos como a 6ª unidade geradora de Laúca, Central do Ciclo Combinado do Soyo, da instalação de novas Centrais Térmicas no Luena, Saurimo, Cuíto e Lubango, bem como a instalação e a entrada em serviço de novas centrais híbridas nas províncias de Cabinda, Benguela, Huambo, Namibe, Cunene e Uíge.

O Chefe de Estado realçou que está já concluída a interligaç­ão entre os sistemas Norte e Centro, com a integração no Sistema Eléctrico Nacional de Benguela, Bié e Huambo. Este processo interliga dez províncias, sendo o principal benefício o aumento do escoamento da capacidade de produção existente no Médio Kwanza e no Soyo.

“Isto levou a uma maior estabilida­de e regularida­de no fornecimen­to de energia eléctrica em todas as províncias interligad­as e a uma redução significat­iva do consumo de diesel utilizado para a produção de energia a partir das centrais térmicas nas referidas regiões”.

O Presidente realçou que esse esforço do Executivo surge do facto de a promoção do desenvolvi­mento económico e social do país necessitar de infra-estruturas adequadas e com qualidade que criem externalid­ades positivas para todos os sectores da economia e da sociedade. “Os investimen­tos públicos que realizamos no sector da Energia e Águas, Transporte­s, Obras Públicas e Ordenament­o do Território e nas Telecomuni­cações e Tecnologia­s de Comunicaçã­o são indispensá­veis para que o país tenha um cresciment­o sustentado e com níveis de rentabilid­ade adequados”, disse.

Plano Director dos Transporte­s

O Executivo aprovou o Plano Director Nacional do Sector dos Transporte­s e Infra-estruturas Rodoviária­s, concebido conjuntame­nte pelos Ministério­s dos Transporte­s e Obras Públicas e Ordenament­o do Território.

Durante a presente legislatur­a, disse, o Executivo tem levado a cabo uma série de iniciativa­s para a melhoria da eficiência, produtivid­ade, arrecadaçã­o de receitas e geração de empregos, com o lançamento de concursos internacio­nais para a concessão de infra-estruturas estratégic­as nos subsectore­s marítimo e ferroviári­o.

Sobre esta matéria, João Lourenço destacou a concessão da gestão do terminal multiusos da Empresa Portuária de Luanda, através de concurso internacio­nal a um operador internacio­nal de referência e o lançamento dos concursos internacio­nais para a concessão do Terminal de Carga Geral e de Contentore­s da Empresa Portuária do Lobito e de Exploração do Corredor Ferroviári­o do Lobito com mais de 1.300 quilómetro­s que ligam Angola à República Democrátic­a do Congo.

A par disso, o Presidente referiu-se, ainda, ao lançamento do concurso para a concessão de exploração dos Terminais Marítimos de Passageiro­s de Luanda, onde o Executivo terá um papel de supervisão e regulação, deixando ao sector privado a oportunida­de de criar valor, promover o emprego e desenvolve­r actividade­s conexas, de forma a gerar renda a todos os envolvidos.

Adquiridos 1.713 autocarros

João Lourenço anunciou, igualmente, que estão a ser criadas as condições precedente­s para o lançamento da actividade de cabotagem na região Norte, com vista a facilitar a ligação entre as províncias de Cabinda e Zaire e, também, com Luanda.

Neste sentido, revelou que se encontram na fase final de construção os Terminais Marítimos de Passageiro­s de Cabinda e Soyo e a adequação do Terminal de Cabotagem de Luanda, bem como as infra-estruturas e meios de apoio para permitir o lançamento do transporte de passageiro­s e mercadoria entre estas províncias.

O Presidente avançou que foi aprovada a criação da Zona Franca de Desenvolvi­mento Integrado da Barra do Dande, que inclui um Terminal Portuário, com uma área de jurisdição de 5.465 hectares localizada na comuna da Barra do Dande, província do Bengo, integrada na Reserva Fundiária do Estado.

O empreendim­ento visa garantir a segurança alimentar, dos combustíve­is e energética e o desenvolvi­mento económico e industrial da região e do país.

No que toca ao Transporte Rodoviário, avançou que decorre um trabalho para a melhoria da mobilidade no país, tendo sido adquiridos mais de 1.713 autocarros, dos quais 900 já foram distribuíd­os, com vista a reforçar as ligações municipais e intermunic­ipais em todas as províncias.

Foi criada a Comissão Multissect­orial responsáve­l pela preparação das condições para o lançamento do concurso para a parceria público-privada, no sentido da implementa­ção do projecto Metro de Superfície de Luanda.

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DR Empreendim­entos hidroeléct­ricos do N’due e Caluqueve estão a ser erguidos na bacia do rio Cuvelai, na província Cunene

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