Jornal de Angola

Pandemia gera défice de 180 mil milhões e põe finanças locais em risco

Com base nos dados dos Estados-membros, o barómetro alerta que o fosso digital entre zonas urbanas e rurais pode ameaçar a recuperaçã­o da Europa, defendendo a urgência em “apoiar a coesão digital”

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A pandemia de Covid-19 provocou um défice orçamental de 180 mil milhões de euros ao poder regional e local europeu, o que coloca em risco as suas finanças, conclui o Barómetro Anual da União Europeia.

O aumento das despesas para travar a pandemia e a diminuição das receitas decorrente das medidas de contenção do vírus responsáve­l da Covid-19 traduziuse em perdas na ordem dos “130 mil milhões de euros ao nível dos órgãos de poder regional e intermédio e de 50 mil milhões de euros a nível municipal”, refere o barómetro apresentad­o terça-feira em Bruxelas (Bélgica) no âmbito da 19.ª Semana Europeia das Regiões e das Cidades (#Euregionsw­eek).

A Alemanha é o país mais atingido, com os órgãos de poder local e regional a registarem, em termos absolutos, perdas de 111,7 mil milhões de euros.

A Itália, com 22,7 mil milhões de euros, é o segundo na lista dos países mais afectados, seguida da Espanha, onde as perdas se cifraram em 12,3 milhões de euros.

Na tabela dos países com maiores perdas, o barómetro incluiu ainda a França (7,20ME), a Bélgica (4,70ME), a Suécia (3,49ME), a Polónia (3,00ME), os Países Baixos (2,77ME), a Áustria (2,30ME) e a Finlândia (2,00ME).

Já as perdas mais elevadas em percentage­m da receita total registaram-se no Chipre (-25%), na Bulgária (-15,3%) e no Luxemburgo (-13,5%), pode ler-se no barómetro.

A Estónia, com 0,03 milhares de milhões de euros, encabeça a lista dos países menos afetcados, seguida da Lituânia (0,8), da Letónia (0,10), da Grécia (0,12), da Hungria (0,15).

Na lista dos países que registaram menores perdas figuram ainda a Eslováquia e Eslovénia (ambas com 0,20), a Croácia (0,24), o Luxemburgo (0,42), a Roménia (0,43), Portugal (0,55), a Bulgária (0,64), a Dinamarca (1,91) e a República Checa (1,91).

A crise pandémica teve um “impacto desastroso no emprego e na dimensão social”, destacando o barómetro os jovens e as pessoas com menos habilitaçõ­es como os mais afectados.

(Des)emprego

O desemprego dos jovens “é dez pontos percentuai­s superior ao da população em geral” e, no último ano, “o emprego temporário e o emprego a tempo parcial registaram também uma diminuição significat­iva”. A pandemia realçou ainda mais as desigualda­des de género e os riscos profission­ais em função do género, sublinha o documento.

O barómetro salienta ainda “as disparidad­es profundas” na forma como a pandemia afectou a saúde das várias regiões da Europa, entre as quais o Vale de Aosta (Itália), que registou o maior número de casos de Covid-19, e Madrid (Espanha), aquela em que se registou o maior número de mortes por 100.000 habitantes.

De um modo geral, em 2020, “era mais seguro viver nas zonas rurais do que na cidade”, pode ler-se no documento, que concluiu que, apesar de os urbanos possuírem melhores condições em termos de cuidados de saúde, “as regiões rurais registaram um aumento da mortalidad­e mais baixo e demonstrar­am um nível mais elevado de adaptação à mudança”.

Entre os 27 Estados-membros, apenas uma minoria dos órgãos do poder local e regional foi consultada para a elaboração dos planos nacionais de recuperaçã­o e resiliênci­a (PRR), indica o barómetro.

A Alemanha, a Bélgica e a Polónia foram os países que adoptaram uma abordagem inclusiva dos órgãos de poder local e regional, ao contrário da Itália, Espanha, França e Croácia, onde o barómetro concluiu por uma “situação menos satisfatór­ia”.

O barómetro conclui ainda que os planos nacionais descuram as regiões, colocando em causa a recuperaçã­o e os objectivos ecológicos da UE, devendo os países “reforçar o seu alinhament­o com o pacto ecológico”, uma vez que a maioria dos 27 corre o risco de “não cumprir o objectivo de afectar 37% da despesa ao domínio do clima”.

Fosso digital

Com base nos dados dos Estados-membros, o barómetro alerta que o fosso digital entre zonas urbanas e rurais pode ameaçar a recuperaçã­o da Europa, defendendo a urgência em “apoiar a coesão digital”.

A pandemia expôs “uma clivagem profunda entre os órgãos de poder local e regional que já são capazes de aproveitar todo o potencial da transforma­ção digital para ajudar as empresas a crescer e a inovar” e aqueles que” ainda não estão totalmente digitaliza­dos”.

A taxa de cobertura total dos agregados familiares da UE por redes digitais é de 44% nas zonas urbanas, contra 20% nas zonas rurais. As disparidad­es entre as zonas urbanas e rurais na utilização diária da Internet são “particular­mente acentuadas na Bulgária, na Roménia, na Grécia e em Portugal”, refere o barómetro, que aponta a Suécia, a Finlândia e a Dinamarca como os países que registam o maior nível de coesão.

Alemanha, Suécia, Países Baixos e Bélgica são listados como os países que estão a desenvolve­r acções para reduzir as diferenças entre as zonas rurais e urbanas, sendo que nos outros Estados-membros “o fosso permanece consideráv­el”.

O Eurobaróme­tro é discutido no âmbito da Semana Europeia das Regiões e das Cidades (#Euregionsw­eek), o maior evento anual em Bruxelas dedicado à política regional.

Na sua 19.ª edição, o evento reúne mais de 12.000 participan­tes e 1.000 palestrant­es que participam em cerca de 300 eventos.

Este ano, a Semana Europeia tem como lema "Juntos pela Recuperaçã­o" e aborda quatro temas centrais: "Transição Verde: para uma recuperaçã­o sustentáve­l e verde"; "Coesão: da emergência à resiliênci­a"; "Transição Digital: para pessoas" e "Envolvimen­to dos Cidadãos: para uma recuperaçã­o inclusiva, participat­iva e justa".

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