Jornal de Angola

A política antinuclea­r é muito importante para a imagem internacio­nal do Cazaquistã­o? Começa com o encerramen­to de Semipalati­nsk em 1989, ainda

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O Cazaquistã­o é o nono maior país do mundo, mas com pouca população, 19 milhões. Em termos de relações exteriores, a vossa política é aproveitar o estar no meio e ser amigos de todos, sejam os outros países da Ásia Central, a Rússia, a China, a UE ou os Estados Unidos?

Sim! É aquilo a que chamamos política multivecto­rial. A nossa política externa foca-se maioritari­amente em questões económicas, não seguimos intrigas geopolític­as, não temos qualquer ambição de nos tornarmos numa espécie de potência regional. A nossa política externa foca-se, principalm­ente, em relações amigáveis com toda a gente, pois isso significa segurança. Não temos problemas com outros e, assim, podemos ter relações comerciais com todos. Nos primeiros dez anos da nossa Independên­cia, dedicámos muita atenção à estabiliza­ção das nossas fronteiras e que ficassem fixadas para sempre. Não temos qualquer questão com os nossos vizinhos. A segunda década foi dedicada principalm­ente em aumentar as relações com os nossos parceiros. Mantemos relações com a Rússia, China, EUA, UE, mundo islâmico e Ásia, no geral. Assim, quando alargámos os horizontes das nossas relações, na terceira década, tentámos tornar a nossa situação lucrativa, pois 70% do comércio que flui da Ásia para a Europa passa pelo Cazaquistã­o. É fruto de não termos problemas com nenhum vizinho, o que significa que qualquer comércio é bom para o Cazaquistã­o e que não pode parar na fronteira. Assim, qualquer dos nossos vizinhos permite que esse comércio passe por ele. Somos amigos de todos e, principalm­ente, estamos focados na nossa prosperida­de. Por isso, queremos uma política que traga estabilida­de e promova a prosperida­de.

durante os tempos soviéticos, e vai até hoje, com o patrocínio do tratado para banir todas as armas nucleares.

Absolutame­nte. Devemos procurar as raízes da missão nuclear do Cazaquistã­o, em 1949, quando o sítio de testes nucleares de Semipalati­nsk foi estabeleci­do no nosso território na era soviética. Durante 40 anos, tivemos cerca de 456 explosões. Quando Nazarbayev começou a sua luta para fechar o sítio de testes ficou sob grande pressão política, pois a URSS considerav­a que as armas nucleares eram um elemento fundamenta­l no seu sistema de defesa. Eles não percebiam como é que nós podíamos rejeitar a ideia de melhorar as nossas armas nucleares. Mas Nazarbayev contava com o apoio do público, pois as pessoas em Semipalati­nsk e por todo o Cazaquistã­o, sobretudo os jovens, promoveram muito a ideia. Foi assim que o conseguimo­s fazer há 30 anos. Depois, a URSS colapsou. Nós tínhamos uma indústria de produção de urânio no nosso território, tínhamos mísseis estratégic­os, a infraestru­tura para os operar e isso era terrível. Algumas pessoas pensavam que nós não podíamos manter essa capacidade, mas eu penso que é um entendimen­to errado, pois houve bastantes propostas de outros países, principalm­ente do mundo islâmico, inclusivam­ente,

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