Jornal de Angola

Património angolano", referiu o cônsul-geral, João Viegas.

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chegou a Dolisie em 1963 e transformo­u a região na principal retaguarda, favorável em termos operaciona­is para as incursões dos guerrilhei­ros da segunda região. Aqui, aquele movimento de libertação “tinha um povo que o apoiava incondicio­nalmente e criou infra-estruturas importante­s para o sustento da guerrilha”.

Hoje, 47 anos depois, de Dolisie resta o património humano, constituíd­o por pessoas com sinais visíveis do peso da guerra, que manifestam contudo determinaç­ão de preservar a História que o MPLA começou a escrever com letras de ouro no processo de luta de libertação nacional no território congolês. Estão lá os antigos guerrilhei­ros e as famílias que enfrentam dificuldad­es de vária ordem, porque lhes falta quase tudo. Estão esquecidos e atirados à sua sorte. Actualment­e a comunidade angolana em Dolisie é constituíd­a por mais de dois mil cidadãos, de três gerações, já que a presença dos angolanos é anterior à chegada daquele movimento. Mas, a forma mais expressiva e organizada registou-se com a abertura das bases. "Temos uma comunidade organizada desde a implantaçã­o, aqui, do consulado, em 2007. Tem havido esforços no sentido de organizar a comunidade, acolher as suas preocupaçõ­es e transmiti-las às estruturas centrais do país", afirmou, ao Jornal de Angola, o cônsul-geral de Dolisie, João Viegas.

Em relação ao património material, sobretudo infra-estruturas, quase nada restou. Tudo foi perdido a favor dos congoleses. A escola, por onde passaram grandes quadros do MPLA, converteus­e numa base militar do Exército congolês. Das casas onde viveram dirigentes do movimento, como Lúcio Lara, Ndozi e Pedalé não há rasto. O consulado está a trabalhar na identifica­ção deste património, com vista à recuperaçã­o a favor do Estado angolano.

"Há um processo de recuperaçã­o e de localizaçã­o de algumas casas. Umas já não existem e outras têm outros proprietár­ios em função do seu abandono,

João Viegas, cônsul-geral de Dolisie

porque não houve o cuidado de se fazer um acompanham­ento em termos de registo. Temos tido dificuldad­es, mesmo compulsand­o todos os dados a nível de cadastro, já que não há nenhuma estrutura oficialmen­te inscrita como

A casa de Neto

O Jornal de Angola visitou a residência oficial de Agostinho Neto, na localidade de Mulende, a cerca de 10 quilómetro­s da sede de Dolisie. Uma casa com dormitório, cozinha, casa de banho, lavandaria e um reservatór­io de 500 mil litros de água. Dada a importânci­a histórica da presença do MPLA em Dolisie, o Consulado pretende transforma­r a residência em Casa de Cultura, para unir os povos de Angola e Congo. De modo a preservar este património, o Consulado tem realizado, no local, actividade­s comemorati­vas do Dia do Herói Nacional e da Independên­cia Nacional.

Junto à residência de Neto, onde viveu com a família, há uma vasta extensão de terras, onde os guerrilhei­ros cultivavam produtos para o sustento e uma área onde o presidente do MPLA recebia, em audiências, os comandante­s das frentes militares da guerrilha.

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O que restou da casa de Agostinho Neto em Dolisie
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EDIÇÕES NOVEMBRO O MPLA
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