Jornal de Angola

Um congolês que lutou pela causa angolana

-

Moukoko Jean Emile,

natural de Kimongo/dolisie, província de Niari, é um dos muitos congoleses que ajudou o MPLA na luta de libertação contra o colonialis­mo português. Era chefe de milícias, em Kimongo, o que lhe conferia um perfeito conhecimen­to e domínio da geografia do perímetro Kimongo/muconzi, área onde as acções de guerrilha dos combatente­s angolanos eram bastante intensas.

Servia de cicerone aos combatente­s na localizaçã­o dos quartéis portuguese­s sempre que ocorressem operações militares na zona. Com mais de 80 anos, Moukoko Emile não frequentou a escola e lamenta o facto de não saber ler, nem escrever.já sente o peso dos mais de 80 anos que carrega aos ombros, muitos detes dedicados à causa angolana. A relação iniciou-se logo que o MPLA chegou a Dolisie, em 1963, depois de ser expulso de Kinsahsa. O objectivo era continuar a luta armada iniciada a 4 de Fevereiro de 1961.

Mesmo com dificuldad­es em andar, Moukoko Emile percorreu 50 quilómetro­s, de Kimongo a Dolisie, para contar, ao Jornal de Angola, a história da sua contribuiç­ão no processo de luta de libertação de Angola.

O antigo guerrilhei­ro diz ter acompanhad­o, durante anos, as missões dos combatente­s angolanos liderados pelo comandante Ndozi contra os portuguese­s. Era um guia indispensá­vel e cabialhe a tarefa de localizar os pontos do inimigo entre Kimongo, Muconzi e Londolicai. O velho guerrilhei­ro orgulha-se da contribuiç­ão dada ao processo de libertação de um país africano, da colonizaçã­o europeia.

Ajudar os angolanos era uma missão perigosa para Moukoko Emile, já que ocupava um cargo de chefia na milícia congolesa. "Isto podia custar-me uma cadeia", reconheceu. Mesmo assim, afirmar que a cadeia não importava, diante da nobre tarefa de ajudar outros irmãos africanos a libertarem-se do sofrimento imposto pelos europeus.

O velho guerrilhei­ro afirmar que durante o período de guerrilha, fez “amizades marcantes” com os angolanos, sobretudo a chefia militar. Esteve várias vezes com Agostinho Neto, na base de Manzau, sempre que o líder do MPLA se deslocava à zona, para controlar as posições militares e falar com a tropa.

Ao longo da conversa, o velho guerrilhei­ro fez uma pausa. Puxou de uma pasta já gasta pelo tempo, onde guarda objectos pessoais de valor. Retirou do seu interior uma colher que exibiu ao repórter. "Esta colher foi de Agostinho Neto", afirmou. Perante o espanto do jornalista, acrescento­u: "Não duvide! Esta é a colher que Neto usava para comer, sempre que fosse para a base de Manzau". O nome de Neto está cravado na parte côncava da colher.

Questionad­o como adquiriu o utensílio, explicou: "Quando os guerrilhei­ros estavam a abandonar as bases para Cabinda, deixaram vários pertences pessoais. Desses objectos que recuperei estava esta colher de Agostinho Neto, que guardo como relíquia".

MPLA continua sólido

Apesar de ter saído de Dolisie nos primórdios da Independên­cia Nacional, o MPLA deixou na região uma estrutura partidária bem organizada. Com o tempo, foi-se solidifica­ndo e tornou-se mais coesa. Os militantes lutam, diariament­e, para manter o que o partido conquistou durante a passagem pelo território congolês, durante a luta de libertação.

Em declaraçõe­s ao Jornal de Angola, o primeiro secretário do MPLA, em Dolisie, Afonso

Quilombo, disse que “os esforços, neste momento, estão virados para a expansão da actividade do partido em toda província de Niari, onde conta com 1876 militantes, distribuíd­os por 21 Comités de Acção”. “O processo de recrutamen­to de novos militantes está condiciona­do à falta de transporte para facilitar a mobilidade dos brigadista­s nas aldeias”, disse.

Organicame­nte, o comité do MPLA de Dolisie depende do Comité Provincial de Cabinda. Segundo Afonso Quilombo, em breve, a dependênci­a será directamen­te das estruturas centrais do partido, em Luanda.

Com o aproximar das eleições gerais, os militantes manifestam-se confiantes na vitória do partido. Para que isto aconteça, de acordo com Afonso Quilombo, o partido deve organizar-se e trabalhar na preparação dos militantes para o processo de votação. "Vamos sensibiliz­ar os nossos militantes para aderirem ao registo eleitoral, que deve iniciar-se em Janeiro", disse.

 ?? EDIÇÕES NOVEMBRO ?? Moukoko Jean Emile
EDIÇÕES NOVEMBRO Moukoko Jean Emile
 ?? ??

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Angola