Proibição de viagens longe de impedir propagação da variante Ómicron
A OMS exorta os países a continuarem a seguir "uma abordagem baseada em provas e riscos quando aplicam medidas sobre viagens, de acordo com o regulamento sanitário internacional”
A Organização Mundial de Saúde (OMS) recomendou às pessoas a partir dos 60 anos ou com comorbilidades o adiamento de viagens, advertindo que a proibição de viagens internacionais não impede a propagação da nova variante do coronavírus.
A agência da ONU emitiu conselhos aos países sobre viagens internacionais face à circulação da variante Ómicron do SARS-COV-2, o coronavírus que causa a doença respiratória Covid-19.
Segundo a OMS, "as proibições de viagens não vão impedir a propagação internacional" da variante e "representam um fardo pesado para vidas e meios de subsistência", podendo "ter um impacto adverso nos esforços globais" de luta contra a pandemia, ao "desincentivar os países a reportarem e partilharem dados epidemiológicos e de sequenciamento" genético da nova variante, classificada como variante de preocupação.
A OMS exorta os países a continuarem a seguir "uma abordagem baseada em provas e riscos quando aplicam medidas sobre viagens, de acordo com o regulamento sanitário internacional".
"Todas as medidas devem ser proporcionais ao risco, limitadas no tempo e aplicadas com respeito pela dignidade dos viajantes, direitos humanos e liberdades fundamentais", assinala a organização.
As autoridades de cada país podem aplicar algumas "medidas de mitigação de risco" para "potencialmente atrasar a exportação ou importação da nova variante", como a testagem e o isolamento profilático de passageiros.
À data de domingo, de acordo com a OMS, 56 países estavam a adoptar medidas em relação a viagens internacionais para tentar conter a importação da Ómicron, comunicada há cerca de uma semana à organização pela África do Sul, onde a estirpe foi detectada inicialmente, mas que já se espalhou a todos os continentes (com excepção da Antártida).
Nas suas recomendações, a OMS aconselha as pessoas com 60 ou mais anos ou com problemas de saúde (que tenham doenças como cancro ou diabetes) a adiarem as viagens, dada a sua vulnerabilidade à Covid-19.
Em relação às pessoas que possam viajar, a agência das Nações Unidas recorda que devem "permanecer vigilantes quanto aos sinais e sintomas" da Covid-19, ser vacinadas "quando for a vez" e aderir "às medidas sociais e de saúde pública em todos os momentos e independentemente do estado de vacinação, incluindo o uso de máscaras de forma adequada, respeitando o distanciamento físico, seguindo a boa etiqueta respiratória e evitando espaços lotados e mal ventilados".
Apesar das incertezas quanto aos efeitos da nova variante na transmissibilidade da infecção, na severidade da doença e na imunidade, a OMS alertou na segunda-feira para o risco global "muito alto" da Ómicron, pedindo aos governos que acelerem a vacinação contra a Covid-19, em particular das pessoas mais vulneráveis, e reforcem a vigilância.