Jornal de Angola

Quem paga pela pesca ilegal?

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A pesca ilegal entre nós é um facto. A necessidad­e de se inverter o quadro é ingente. Há vontade, precisa-se de mais determinaç­ão no combate a este fenómeno que vai corroendo os resultados económicos. A contribuiç­ão da actividade pesqueira ao PIB deveria ser melhor. Por que razão assim não se regista? Eis a questão. Aliás, foi um dos temas abordados na última visita do Presidente da República à província do Namibe.

Entretanto, não é um caso isolado, pois acontece com outros países africanos, com défice de fiscalizaç­ão pesqueira. Segundo dados da União Africana, o continente africano perde, anualmente, cerca de 10 mil milhões de dólares norte-americanos, devido à pilhagem que ocorre nos seus mares.

A África é dotada de elevados recursos aquáticos e marinhos, incluindo oceanos e mares, cuja superfície é estimada em cerca de 13 milhões de quilómetro­s quadrados. Entretanto, o espectro de vulnerabil­idade é elevado.

Supostamen­te desprovido­s de meios para a segurança marítima, vezes há em que os países optam em partir para a celebração de convénios para desbaratar as consequênc­ias pela “invasão” do território marítimo.

Mas, nem sempre logram êxitos. Por exemplo, gestos neste sentido já acontecera­m entre Angola e a Namíbia, que trabalhara­m para uma fiscalizaç­ão conjunta dos seus mares no combate mais eficaz da pesca ilegal e não declarada.

A lei de pesca existe no nosso ordenament­o jurídico mas, pelas evidências, esta é constantem­ente pisoteada por armadores que procedem a saques de quantidade­s industriai­s de pescado, compromete­ndo os nossos recursos marinhos.

Lembramos aqui o caso do navio pesqueiro de grande porte, de fabrico russo, apreendido em tempos na Baía do Lobito, província de Benguela, com 1.250 toneladas de peixe diverso, entre as quais 800 de carapau, cuja captura está proibida no período entre Junho e Agosto.

Entretanto, diz-se que existem lacunas que emperram uma fiscalizaç­ão profunda. As opiniões são de que, apesar da vasta extensão marítima, é preciso saber articular e isto pode ser um problema ou de gestão ou resultante da escassez de meios. E esta falta de articulaçã­o ou de recursos tem custado, diariament­e, ao nosso país, dez toneladas de peixe por pesca capturado ilegalment­e.

Defende-se um sistema integrado de vigilância marítima como solução para que se deixe de ter tanta perda assim. Portanto, uma intervençã­o que, independen­temente dos custos, os benefícios seriam mais vantajosos. Logo, a visão deve incidir para uma estratégia que resulte. Mas deixar o “arrastão” carregar todo o recurso marinho, ajuda a compromete­r a nossa segurança alimentar.

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