UE reitera a advertência de pôr fim a Missão Militar
A União Europeia (UE) reiterou a advertência à República Centro Africana (RCA), de que poderá pôr termo a sua Missão de Formação Militar no país, caso o grupo russo de segurança privada Wagner continue instalado no território na RCA.
“A presença do grupo de segurança privada Wagner na República Centro Africana pode conduzir a União Europeia a acabar com a sua Missão de Formação das Forças Armadas centro-africanas”, admitiu o porta-voz do chefe da Diplomacia da UE, Nabila Massrali, citado pela agência France Press (AFP).
"Um exame da estratégia está a decorrer. Estão a ponderar-se todos os factores que influenciam o nosso compromisso no domínio da paz. Isso inclui a presença de actores e entidades no domínio da segurança", avançou o porta-voz de Joseph Borrell.
"Este exame permite informar os Estados-membros e a UE dos progressos conseguidos e recomendar pistas a seguir, incluindo a revisão do mandato ou o fim da missão", sublinhou para acrescentar: "Estamos preocupados com a presença do grupo Wagner em 23 países africanos e os laços mais estreitos com a Rússia".
“Os recentes relatórios nacionais e internacionais”, prosseguiu, “denunciaram violações de direitos humanos cometidas por instrutores russos e empregados de sociedades a operarem na República Centro-africana".
Segundo a France Press, um relatório entregue aos Estados- membros informa sobre a tomada de controlo pelo grupo Wagner de um batalhão do Exército centroafricano formado pela UE.
A UE tem duas missões de formação, no Mali e na RCA, onde estão ameaçadas pelas actividades dos membros do grupo Wagner nestes dois países, havendo a possibilidade da organização aplicar sanções contra esta empresa russa. Um consenso político foi encontrado durante a mais recente reunião dos ministros dos Negócios Estrangeiros, em 15 de Novembro.
O chefe da diplomacia francesa, Jean-yves le Drian, disse que a adopção de sanções contra a empresa russa pode ser concretizada na próxima reunião de ministros da UE, prevista para o dia 13 deste mês. "As sanções visam os membros da sociedade Wagner e as sociedades que trabalham directamente com esta empresa", admitiu.
França cauciona a decisão
O grupo Wagner, com o qual as autoridades russas desmentem qualquer relação, fornece serviços de manutenção de equipamento militar e formação, mas também é acusado, designadamente pela França, de agir por conta da Federação Russa, onde esta não quer aparecer de maneira oficial.
A sua direcção seria exercida pelo empresário russo Evguéni Prigojine, dado como próximo de Putin. Wagner não tem qualquer existência legal na Federação Russa, onde as sociedades militares privadas são proibidas por lei.
A presença dos homens do grupo Wagner tem sido assinalada em vários países de África, como a RCA e Moçambique, mas também na Líbia e na Síria.
A República Centro Africana caiu no caos e na violência em 2013, depois da queda do ex-presidente François Bozizé protagonizada por grupos armados ligados à intitulada Séléka.