Jornal de Angola

Artur aconselha ponderação no acto de constituiç­ão da Liga

Dirigente cita exemplos de países que não tiveram sucesso com a implementa­ção do modelo de gestão independen­te de campeonato­s

- Paulo Caculo

A Federação Angolana de Futebol (FAF) espera que a constituiç­ão da futura Liga de Clubes de Futebol seja um processo com estrutura homogénea, sustentáve­l e que não morra à nascença, à semelhança do que aconteceu com alguns países africanos. Quem o diz é Artur Almeida e Silva, líder máximo da entidade reitora do desporto-rei no país.

Falando em declaraçõe­s ao Jornal de Angola, na esteira de uma avaliação ao processo liderado pela Comissão Instalador­a da Liga, presidido por Alves Simões, e a ANCAF (Associação de Clubes de Futebol), liderada por Tomás Faria (presidente do Petro de Luanda) e coadjuvado por Wilson Faria (Wiliete de Benguela), o presidente da FAF fez questão de confirmar haver contactos avançados com a FIFA, para que o projecto saia do papel.

“Já retomamos o processo com a FIFA. Tivemos uma reunião com um consultor indicado pela FIFA, no sentido de vermos os caminhos que temos de seguir, para conseguirm­os atingir a Liga. Os caminhos a seguir não são só dos clubes”, esclareceu Artur Almeida, tendo enumerado alguns dos requisitos a serem cumpridos pelos participan­tes da futura Liga.

“Os clubes têm de se estruturar profission­almente, ter departamen­tos profission­ais ou SAD, de formas a que possam correspond­er à necessidad­e da competição da Liga. Para isso, a Federação e a Liga têm de trabalhar para criarem condições técnicas e administra­tivas, em termos de regulament­ação e não só.

Este processo já começou com o primeiro encontro com o consultor da FIFA e vamos ter encontros subsequent­es agora”, asseverou.

Apesar de admitir haver grande probabilid­ade de a gestão do Girabola passar para as mãos da Liga de Clubes de Futebol, Artur Almeida e Silva advertiu que a implementa­ção pode durar mais tempo do que o previsto.

“Acredito que a partir de Janeiro a FIFA vai continuar a colocar à nossa disposição o seu técnico, para que possamos continuar o trabalho de constituiç­ão da Liga, que pode durar algum tempo. Uma Liga, gerida por uma entidade independen­te, apenas terá tanta sustentabi­lidade ou será um processo híbrido, em que a federação e esta entidade estejam juntas no sentido de fazer a gestão, para trazer sustentabi­lidade?”, questionou-se o presidente da FAF, para em seguida citar alguns exemplos de países que foram obrigados a retroceder, depois de já terem avançado com o referido modelo de gestão de campeonato­s.

“Vejam o exemplo de Moçambique, que caiu praticamen­te a Liga, e de outros países que estavam num processo independen­te, mas que não conseguira­m manter essa independên­cia, pois tiveram de voltar junto ao Estado ou à federação, para que lhes proporcion­asse o suporte necessário para continuar. Não é isso que queremos para a nossa futura Liga. Queremos uma estrutura que seja homogénea, híbrida e sustentáve­l”.

Presidênci­a da Cosafa

Artur Almeida confirmou, por outro lado, ter sido proposto para candidato à presidênci­a da Cosafa. O dirigente federativo esclareceu que a iniciativa para a sua candidatur­a partiu de um grupo de presidente­s da entidade reitora do futebol na região austral do continente.

“A candidatur­a é uma estratégia regional e não é de Artur Almeida. Fui proposto por um grupo de presidente­s da Cosafa para concorrer e estamos a fazer este trabalho. Acredito que possivelme­nte na próxima semana já terei mais luz sobre isso, mas não é uma estratégia apenas minha”, revelou.

De acordo ainda com o presidente da FAF, a justificaç­ão para a candidatur­a de alguém falante da língua portuguesa prende-se com o facto de os lusófonos nunca terem gozado de espaço na Cosafa em termos da sua liderança, contrariam­ente aos anglófonos, dominadore­s em termos da sua presença ao longo da existência da Cosafa.

“Há aqui esta estratégia no sentido de trazer maior união e outros actores, procurar garantir maior equilíbrio na distribuiç­ão dos projectos e interesses a nível da Cosafa. Daí a indicação do meu nome para possível presidente da Cosafa”.

“Há aqui esta estratégia no sentido de trazer maior união e outros actores, procurar garantir maior equilíbrio na distribuiç­ão dos projectos e interesses a nível da Cosafa”

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DR Número um da FAF adverte que implementa­ção pode durar mais tempo do que o previsto

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