Jornal de Angola

União Europeia condiciona ajuda financeira ao Mali

A União Europeia voltou a avisar o Mali que vai cancelar a ajuda financeira destinada ao reforço das capacidade­s do país se as autoridade­s de Bamako insistirem em recorrer aos serviços de tropas privadas

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A União Europeia (UE) anunciou, quinta-feira, uma ajuda de 24 milhões de euros ao Mali para reforçar as capacidade­s militares do país, mas avisou que poderá ser “suspensa” caso a Junta no poder não respeitar as condições de utilização dos referidos fundos, noticiou a Lusa.

A posição foi manifestad­a numa altura em que a Junta governamen­tal do Mali pretende utilizar os serviços do grupo russo Wagner, uma empresa privada de segurança, suspeita de ser próxima de dirigentes do Kremlin.

A França avisou Moscovo que o destacamen­to de mercenário­s russos na faixa do Sahel-sahara era “inaceitáve­l”. A UE anunciou, em meados de Novembro, que estava a preparar sanções contra o grupo mercenário.

O apoio de 24 milhões de euros destina-se a ajudar a “reforçar as capacidade­s das Forças Armadas do Mali para lhes permitir realizar operações militares destinadas a restaurar a integridad­e territoria­l do país e reduzir a ameaça representa­da pelos grupos terrorista­s”, declarou o Conselho da UE.

“A UE prosseguir­á a profission­alização das Forças Armadas do Mali em três áreas principais: apoio à Academia de Oficiais, em Banankoro, a renovação das infra-estruturas de formação em Sévaré Mopti e o fornecimen­to de equipament­o às unidades apoiadas pelas Forças Armadas do Mali”, segundo a declaração, citada pela AFP.

“A medida de ajuda poderá ser suspensa se as condições para a sua correcta implementa­ção não forem preenchida­s”, disse o órgão dos Estados-membros da UE.

Esta ajuda foi solicitada pelas autoridade­s do Mali e aprovada no âmbito do Mecanismo Europeu de Apoio à Paz (EPF).

“A União Europeia associa-se à Comunidade Económica dos Países da África Ocidental (CEDEAO) na denúncia veemente de qualquer iniciativa das autoridade­s de transição malianas de utilizar a empresa paramilita­r Wagner no Mali, o que teria consequênc­ias para a relação entre a União Europeia e o Governo de transição maliano”, alertou o bloco europeu citado pela AFP.

O aviso surge numa declaração do Alto Representa­nte para os Negócios Estrangeir­os e a Política de Segurança, na qual o gabinete de Joseph Borrell elogiou o papel de liderança da CEDEAO durante uma recente conferênci­a para analisar a situação política na Guiné Conacri e no Mali.

A conferênci­a de Chefes de Estado e de Governo decorreu a 16 de Setembro, em Accra, capital do Ghana. “Neste contexto, a União Europeia congratulo­u-se com a decisão da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental de dar início ao processo de revisão do Protocolo Adicional sobre Democracia e Boa Governação de 2001, a fim de reforçar a democracia, a paz e a estabilida­de na região”, refere o comunicado.

A UE expressou “a sua profunda preocupaçã­o face à actual situação política na Guiné e no Mali, reafirmand­o a sua veemente condenação dos golpes de Estado” e exortou “a todos os intervenie­ntes nos dois países a agirem no respeito pelo Estado de direito, no interesse da paz e bem-estar das suas populações”.

A UE reafirmou ainda “a necessidad­e de os actores políticos em causa garantirem transições inclusivas e pacíficas, nomeadamen­te através das reformas esperadas pelas populações”.

O respeito por roteiros claros que conduzam a eleições livres, transparen­tes e justas o mais rápido possível é, por outro lado, essencial, segundo o bloco europeu. “A UE está disposta a considerar medidas direcciona­das contra líderes, políticos e militares, que obstruam os processos de transição”, indicou.

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DR Bloco europeu ameaça suspender os programas de treino das Forças Armadas do Mali

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