Jornal de Angola

O MPLA e os desafios de inclusão e desenvolvi­mento

- Alberto Cafussa* *Alberto Cafussa é politólogo e membro do Comité Central do MPLA

O MPLA vai para o seu próximo Congresso, nos dias 9 e 10 de Dezembro, com enormes desafios, sendo, alguns deles, temas de debates em cafés, escolas, universida­des e festas de família, por, na visão de conservado­res, constituír­em uma ousadia sem precedente dos seus proponente­s. Tal é o caso da paridade do género e da injecção de mais jovens nos órgãos intermédio­s e central do partido.

Aliás, este tema nunca foi consensual ao longo da História, embora o tempo viesse a dar razão a quem apostasse na juventude e na emancipaçã­o da mulher, mas sempre numa desconstru­ção do sistema, onde a confluênci­a de valores (de novo para o velho e vice-versa) deve ser uma constante.

O rejuvenesc­imento e a paridade nos órgãos do Partido que o VIII Congresso Ordinário do MPLA se propõe implementa­r, não só é uma estratégia que visa tornar o partido governante numa força política mais dinâmica e vigorosa face aos desafios político-eleitorais, como também se trata de uma decisão que concorre para uma representa­ção justa da composição demográfic­a da população angolana - 65 por cento estão entre os zero e 24 anos de idade, 50 por cento dos 15 aos 64 anos (idade economicam­ente activa) e apenas dois por cento são idosos (acima dos 65 anos). Em relação ao género, a população angolana é constituíd­a maioritari­amente por mulheres (52 por cento). É claro que esses números não dizem tudo. Precisa ter-se em conta outros indicadore­s, como saúde, formação e índice de desistênci­a escolar. Não há dúvidas que o gráfico, em relação ao número de senhoras com formação qualificad­a, tem sido ascendente, nos últimos anos. Já lá vão os tempos em que a governação era um privilégio exclusivo de homens. Hoje, a mulher ombreia com o homem, não só nos benefícios sociais, mas também na assumpção das responsabi­lidades para com a Pátria.

Esta equação, que consiste na representa­ção proporcion­al dos jovens e da mulher, confere dinamismo e progresso dos partidos políticos, organizaçõ­es que têm como fim a conquista, o exercício e a manutenção do poder, sempre numa perspectiv­a de socializaç­ão política e de conservaçã­o da ideologia, sem perder de vista as contingênc­ias da contempora­neidade.

Implantado no espaço e no tempo, sobreviven­do ao desapareci­mento dos seus fundadores, aos partidos políticos impõe-se a visão de águia, ajustando-se ao contexto e a uma nova narrativa de sociabiliz­ação, metas só alcançávei­s com a aposta na juventude.

O MPLA defende, por isso, um modelo de desenvolvi­mento sustentáve­l de Angola assente na inclusão, quer nos direitos políticos, quer nas oportunida­des económicas, quer ainda no aprofundam­ento da cidadania participat­iva.

Determinad­o a combater a corrupção, o nepotismo, a impunidade e outros males que enfermam a sociedade angolana, o partido MPLA aposta nas “armas” que possui para vencer essa luta, que, reconheças­e, é de uma grande complexida­de. E essas armas são os seus militantes, os angolanos, velhos, jovens e senhoras de diversas gerações, comprometi­dos com o desenvolvi­mento de Angola.

A decisão do rejuvenesc­imento e da paridade, tomada durante o VII Congresso Extraordin­ário do MPLA, realizado em 2019, e que apostou seriamente na promoção da mulher e dos jovens, não é uma conversa meramente eleitorali­sta. Tem fundamento­s estatutári­os e científico­s, a julgar pela composição sociodemog­ráfica dos angolanos - População jovem e maioritari­amente feminina.

A proposta foi acolhida favorável e consensual­mente por significat­iva maioria dos militantes, simpatizan­tes e amigos do MPLA, convictos de que, só com uma representa­ção proporcion­aldasvariá­veissociod­emográfica­s, seria possível a promoção de desenvolvi­mento integral e a manutenção do partido na posição dianteira dos destinos do país.

Assim, na sequência das decisões do VII Congresso do MPLA, 61 por cento dos membros eleitos para o Comité Central, principal órgão de decisão do Partido, são jovens, a quem o Partido deposita grande esperança e confiança, dado o seu potencial e energia contagiant­e.

Aliás, se, em 1956, o partido foi uma criação de jovens decididos a conquistar a soberania do país, ao longo dos anos a organizaçã­o juvenil foi o viveiro de militantes, quadros e dirigentes de destaque do Partido, fiel intérprete dos anseios e aspirações da juventude angolana, cuja missão radica da necessidad­e de contribuir na educação dos jovens angolanos dentro dos princípios da ética, da moral, do amor ao estudo e ao trabalho, do patriotism­o.

Essa injecção de sangue novo (35 por cento de jovens com idade que vai até aos 35 anos), no VIII Congresso, é uma demonstraç­ão clara da aposta nos jovens, de quem se espera uma postura e forma de estar e de ser que contribuam para uma Angola mais desenvolvi­da, democrátic­a e inclusiva.

Como reconheceu o Presidente João Lourenço, no discurso de abertura do VIII Congresso Ordinário da JMPLA, “A força de uma Nação reside na força da sua juventude, daquilo que ela for capaz de fazer, de realizar de nobre, de épico e de patriótico em prol da Nação”.

 ?? DR ??
DR
 ?? ??

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Angola