EUA pedem “mais rapidez” na entrega do poder aos civis
Subsecretário de Estado norte-americano, que visita o país disse que “quando há um golpe e a transição se arrasta, há o risco de permitir que os militares permaneçam no poder”
Os Estados Unidos da América (EUA) estão a pressionar a Junta Militar da Guiné a fazer uma “transição rápida" para entregar o poder aos civis, declarou, ontem, em Conakry, o subsecretário de Estado norte-americano para os Assuntos Africanos, Michael Gonzales, que visita o país três meses após o golpe que derrubou o Presidente Alpha Condé, que estava no poder desde 2010.
O alto funcionário encontrou-se com os opositores do regime de Condé e funcionários da Junta, incluindo o Primeiro-ministro, Mohamed Beavogui, e o líder do golpe, o agora Presidente do Governo de Transição, o coronel Mamady Doumbouya. “Quando há um golpe e a transição se arrasta, há o risco de permitir que os militares permaneçam no poder”, afirmou Michael Gonzales.
O subsecretário norteamericano disse ser a favor da "criação muito rápida de um Conselho Nacional de Transição, que deveria ser o órgão legislativo da junta. Gonzales também instou a junta a realizar um julgamento dos responsáveis pelo massacre de 28 de Setembro de 2009, quando soldados mataram 157 pessoas e violaram 109 mulheres num estádio onde milhares de opositores do então líder da junta, Moussa Dadis Camara, se tinham reunido, de acordo com uma Comissão de Inquérito das Nações Unidas. "A responsabilidade por este massacre deve ser determinada", declarou.
O ministro da Justiça, Fatoumata Yarie Soumah, disse em 26 de Novembro que o Governo estava a "preparar-se" para julgar os autores do massacre, após uma visita ao país de uma delegação do Tribunal Internacional de Justiça.
O chefe da junta guineense, que se tornou Presidente do Governo de Transição, desde 1 de Outubro, comprometeu-se a entregar o poder aos civis após as eleições, mas não mencionou um prazo para a transição.