Jornal de Angola

A Covid-19, as variantes e a urgência da vacinação

- Filomeno Manaças

Desde que apareceu a pandemia da Covid-19, cada vez que surge uma nova variante do coronavíru­s, o mundo assusta-se e soam os alarmes em vários países. As autoridade­s sanitárias procuram entender o que está a acontecer e determinar o potencial de ameaça que a nova estirpe representa para as pessoas. Medidas de precaução são tomadas e as principais incidem sobre o reforço do protocolo de biossegura­nça. Outras vezes, a preocupaçã­o é de tal ordem, a ausência de informação mais objectiva, mais concreta sobre a nova variante não ajuda em nada, porém há toda uma necessidad­e de, diante do desconheci­do, serem observadas as precauções que a situação aconselha.

A informação existente aponta que todos os vírus sofrem mutações naturais com o tempo e o SARS-COV-2, responsáve­l pela Covid-19, não é excepção. Desde que foi identifica­do pela primeira vez já ocorreram milhares de mutações, umas mais perigosas, porque mais letais, e outras com menos expressão. São conhecidas as variantes Alfa, Beta, Gama, Delta, Mu, Lambda e, agora, a mais recente, a Ômicron, como as que mais atarefaram as autoridade­s sanitárias nacionais e internacio­nais.

À medida que foram aparecendo, estudos foram feitos, para se determinar a eficácia das vacinas já existentes para as combater. E, felizmente, a resposta tem sido positiva. Mesmo naquelas situações em que a vacina não é eficaz a cem por cento, ainda assim, pode-se considerar positiva, porque algum grau de eficácia ela possui, o que representa um avanço, afinal, não temos de partir do zero para fazer face à enfermidad­e.

De acordo com a Organizaçã­o Mundial da Saúde (OMS), a maioria das mudanças verificada­s tem pouco ou nenhum impacto nas propriedad­es do vírus e muitas desaparece­m com o tempo. Especialis­tas em todo o mundo têm estado a monitorar a evolução do SARSCOV-2, para uma resposta, também com eficácia, às variações que possam representa­r perigo acrescido para a Humanidade. E, neste aspecto, é de louvar o trabalho que tem vindo a ser desenvolvi­do na África do Sul, que já levou à descoberta de novas facetas que o vírus adquire, os sintomas que causa e como se propaga.

Está mais do que provado que, na presente situação em que o mundo se encontra, o processo de vacinação é a resposta mais acertada para combater e conter a propagação da Covid-19 e das variantes do vírus SARS-COV-2. Quer a variante Delta quer a Ômicron vieram colocar acento tónico na questão da vacinação, como o único caminho capaz de prevenir que haja um elevado número de mortes, pois representa­ram novas vagas que engrossara­m as estatístic­as sobre as vítimas mortais que a pandemia já causou.

“Temos vacinas muito eficazes que se mostram potentes contra todas as variantes até agora, em termos de gravidade da doença e hospitaliz­ação, e não há razão para acreditar que não seja o caso” com a Ômicron, disse Michael Ryan, responsáve­l pela resposta de emergência em saúde pública da OMS.

Mas há quem teime em não querer vacinarse e a discussão sobre a vacinação obrigatóri­a está no ar, particular­mente na Europa e nos Estados Unidos. É, entretanto, caricata a posição assumida pela Alta Comissária da ONU para os Direitos Humanos, Michelle Bachelet, que, quarta-feira, considerou inaceitáve­l a vacinação forçada contra a Covid-19, mas admitiu “multas apropriada­s” para quem recusar ser vacinado.

“Sob nenhuma circunstân­cia as pessoas devem ser vacinadas (contra a Covid-19) à força, embora a recusa de uma pessoa em cumprir a obrigação de vacinação possa ter consequênc­ias legais, como uma multa apropriada” - defendeu.

Talvez a diferença entre vacinação obrigatóri­a e vacinação forçada nos conduza ao entendimen­to do que está em causa. Porém, ao fim de umas quantas “multas apropriada­s”, ali onde o sistema tributário realmente funciona, não estamos a ver como quem resiste a ser vacinado não se dirija, como um cordeirinh­o, aos postos de vacinação.

A pandemia da Covid-19 vai, um dia, chegar ao fim. E vai deixar um histórico de lições que o mundo vai ter de assimilar, para poder enfrentar desafios futuros do mesmo género. Não sendo esta a primeira nem a última pandemia que o Homem enfrenta, todos os registos devem encaminhar-nos para um estudo aprofundad­o sobre o fenómeno, na senda, até mesmo, da preocupaçã­o já levantada sobre a melhor maneira de as prevenir e tratar. Este nível de pensamento já levou especialis­tas a considerar­em que as pandemias não devem ser considerad­as assunto apenas das autoridade­s sanitárias: elas devem ser incluídas no catálogo das questões de segurança nacional advogam. Se assim pensaram, é também assim que alguns países já estão a reagir. Mas tem de haver coerência, tem de haver lógica.

A pandemia da Covid19 vai, um dia, chegar ao fim. E vai deixar um histórico de lições que o mundo vai ter de assimilar, para poder enfrentar desafios futuros do mesmo género. Não sendo esta a primeira nem a última pandemia que o Homem enfrenta, todos os registos devem encaminhar­nos para um estudo aprofundad­o sobre o fenómeno

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