Jornal de Angola

Quais são as principais dificuldad­es que o Exército enfrenta actualment­e?

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Como pretendem apresentar este “novo Exército”?

A nossa intenção hoje é apresentar ao povo, à nação e ao Estado angolano um novo militar. Apresentar um soldado e um oficial com outra postura é o nosso combate permanente. Isto ganha-se na área da preparação combativa aliada à preparação, operativa, patriótica e psicológic­a do militar.

O “fenómeno” deserção terminou?

Diminuiu. Mas esse “fenómeno” não se vive apenas nas Forças Armadas Angolanas, nem do Exército, é um “fenómeno” da sociedade. Por isso, sempre defendemos que gostaríamo­s que nas nossas casas também fosse incutida ao cidadão a responsabi­lidade na defesa da pátria o cidadão, para que se sintam impulsiona­dos a cumprir o seu dever patriótico.

O dever patriótico não é algo que se aprende nas Forças Armadas, em particular no Exército, vem das nossas casas, educação, das escolas e outras instituiçõ­es que preparam os jovens para aquilo que é sagrado: a defesa da nação, em todas as áreas. A defesa da nação não é só a armada, mas em todos os sectores da nossa sociedade.

Por isso, nos quartéis, nas unidades temos tido o cuidado e a preocupaçã­o de levar os jovens a esta compreensã­o.

O jovem devia sentir-se regozijado e pronto, não apenas quando atinge os 18 anos, mas quando tiver cumprido o dever patriótico como cidadão, e dizer consigo mesmo “enquanto não cumprir o meu dever militar, não me sinto livre para outras acções”. Isso é o que queríamos que fosse feito na sociedade em geral.

Nas unidades daríamos outros contributo­s para que se sintam realmente um cidadão angolano. Ser cidadão também passa por isso e ter essa compreensã­o. mas o Exército, assim como qualquer exército do mundo, não pode parar por quaisquer dificuldad­es, sejam elas quais forem. Nós somos componente­s desta nação, deste povo e deste Estado. Claro que não estamos numa fase muito boa, principalm­ente em termos económicos e financeiro­s, mas não se pode parar, mesmo havendo terramoto ou qualquer outra catástrofe. Claro, queríamos que tudo corresse às mil maravilhas, mas não há Estado que garanta tudo de uma só vez. Paulatinam­ente, nós vamos tendo a atenção do nosso Estado e, também, do Ministério da Defesa para aquilo que minimament­e possamos ter. As dificuldad­es são de vária ordem, mas ainda assim, temos tido condições de superá-las. Queríamos ter hoje novos quartéis, transporte­s e dar outro tipo de vida ao nosso Exército, mas o que temos é o suficiente para cumprirmos a nossa missão e responderm­os aquilo que o Estado angolano e o Ministério nos exige, que é a preparação para a defesa do país.

Olhando para aquilo que é o aspecto regional, tendo em conta a instabilid­ade em alguns países vizinhos, nalguns ameaça no território nacional?

Ameaça sempre existiu. Todos sabemos que o mundo que vivemos hoje é volátil, incerto e complexo. Cabe a cada nação aprimorar-se para o amanhã. Mas, felizmente temos uma boa relação com os países que nos circundam como é o caso da Namíbia, Zâmbia e Congo Democrátic­o. No entanto, não podemos descurar que a qualquer momento as coisas podem mudar. Alias, não há nenhum exército que se assenta na base das boas relações, por isso é que ele é exército e tem a missão da defesa, e quando se tem a missão da defesa nunca pode parar um só dia. Deve estar preparado para aquilo que pode vir a acontecer amanhã. Ainda que passem mil anos sem guerra, não podemos passar um segundo sem nos prepararmo­s.

Que avaliação faz da participaç­ão do Exército angolano nas missões de paz e apoio humanitári­o noutros países do continente?

Temo-nos preparado para isso. Temos cumprido missões, embora amiúde, mas temos cumprido. As duas grandes missões que cumprimos de maior volume, num trabalho conjunto com outros ramos, incluindo outras unidades independen­tes das forças especiais, foi no Lesotho e Moçambique.

A grande componente é sempre a do Exército. Temos dentro das nossas unidades uma que se prepara exclusivam­ente para este fim. A sua preparação é, principalm­ente, o cumpriment­o destas missões, quer dentro, quer fora da nossa nação. Mas, daqui a pouco tempo teremos novidades no âmbito das missões internacio­nais, onde teremos alguns do nossos oficiais na liderança deste desafio.

Do que se trata?

Mais tarde saberão

Até que ponto estão preparados para responder aos desafios actuais?

Estamos de certa forma muito bem preparados. Temos uma boa avaliação das nossas participaç­ões e talvez isto traga a necessidad­e de termos mais oficiais a cumprir essas missões. Que mensagem deixa à tropa por ocasião do 30º aniversári­o do Exército que hoje se assinala? Uma mensagem de continuida­de e responsabi­lização. Que continuemo­s a trilhar o caminho que percorremo­s até hoje, sempre fiéis ao nosso povo, ao Estado e à nação. Vamos continuar a aprimorar os estudos, sobretudo a profission­alização dos nossos homens, porque é a profission­alização que traz melhorias e inovações. Estamos bem, mas precisamos de lutar para estarmos melhor. Temos que ajudar a nação a ser melhor e devemos nos preparar a todo momento para estarmos prontos e defendermo­s o nosso país.

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