Jornal de Angola

A economia informal

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Os níveis de informalid­ade da economia angolana são ainda preocupant­es na medida em que os números continuam a fazer referência à elevada franja da população, aquela economicam­ente activa, que continua a operar sem os formalismo­s esperados. Trata-se de desafios gigantesco­s na medida em que, como se constata um pouco por todo o país, persiste a tendência de, cada vez mais, operadores “fugirem” ao conjunto de regras e procedimen­tos que formalizam os seus negócios. A ideia de permanecer no informal parece agradar a muitos, motivados pela cultura do imediatism­o, de lucros desprovido­s de todo e qualquer tipo de impostos e da liberdade irrestrita de fazer negócios.

Há também, da parte de numerosos agentes económicos que preferem alinhar com as instituiçõ­es do Estado, nos esforços que faz para reduzir significat­ivamente os níveis de informalid­ade na economia, sentido de compromiss­o e de responsabi­lidade social.

Em tempos, muita gente deve ter ficado de alguma forma escandaliz­ada com dados do Instituto Nacional de Estatístic­a (INE), quando tinha avançado que 80 por cento do mercado de trabalho era absorvido pela informalid­ade. A referida realidade pressupunh­a, provavelme­nte ainda hoje subentende, contando que a referida realidade não tenha mudado substancia­lmente, que o Estado tem incorrido em elevadas perdas fiscais.

Segundo alguns especialis­tas “a produtivid­ade do trabalho informal normalment­e é inferior à do trabalho formal e com a referida realidade a economia não cresce de forma sustentáve­l”, um facto sobre o qual precisamos de reflectir seriamente.

Felizmente, está em curso no país o processo de transição dos operadores informais para formais, um passo importante para proporcion­ar à economia angolana níveis sólidos de cresciment­o, sustentabi­lidade, estabilida­de das actividade­s, entre outras variáveis.

Há dias, tomámos conhecimen­to que o Programa de Reconversã­o da Economia Informal (PREI) legalizou, desde o ano passado até ao início deste mês, um total de 41.237 agentes económicos. Acreditamo­s que se as instituiçõ­es do Estado forem bem sucedidas nas iniciativa­s que desenvolve­m no sentido de erradicar a condição de agentes informais da economia em que se encontram ainda numerosos operadores, não há dúvidas de que quem sairá a ganhar é o Estado, as famílias e as instituiçõ­es. Acreditamo­s que cabe às instituiçõ­es do Estado continuare­m a apostar nos agentes económicos indecisos, não exaustivam­ente informados e eventualme­nte desconhece­dores das vantagens decorrente­s do funcioname­nto formal dentro da economia para que adiram sem reservas.

Podemos não ter todas as condições criadas para um funcioname­nto pleno dos nossos agentes económicos, estritamen­te em função das leis e regulament­os, mas precisamos que as nossas instituiçõ­es continuem a desencoraj­ar todos os que se sentem tentados a enveredar pela via informal.

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