Jornal de Angola

“O sector petrolífer­o angolano emprega mais de 15 mil trabalhado­res”

Para Braúlio de brito, os principais desafios da indústria, quando ultrapassa­dos, vão permitir a alocação de investimen­tos internos e externos, que contribuir­ão para a promoção e participaç­ão dos profission­ais e empresas nacionais no sector

- Isaque Lourenço

Qual é, neste momento, o grande desafio do sector petrolífer­o em relação ao conteúdo local em Angola?

Os desafios são vários. Julgamos ser importantí­ssimo que o país de forma geral e o sector em particular, continue a desenvolve­r e consolidar uma indústria nacional que vá progressiv­amente a elevar as capacidade­s técnicas e tornando-se assim capaz de responder as necessidad­es da cadeia de valor da indústria petrolífer­a nacional. Assim, de entre os principais desafios, destacamos a necessidad­e de se colocarem meios e condições financeira­s à disposição do empresaria­do nacional, como por exemplo, linhas de financiame­nto, por forma a facilitar o surgimento de empresas nacionais de prestação de serviço robustas, que possam enfrentar os grandes desafios que temos, em relação a capacidade e eficiência técnica e tecnológic­a, mãode-obra especializ­ada, transição energética, entre outros.

E a revisão legislativ­a?

Também deve-se continuar com revisão do quadro regulatóri­o, fiscal, aduaneiro e cambial existente, no sentido de incentivar e criar condições de acesso e participaç­ão nos projectos de desenvolvi­mento e produção de hidrocarbo­netos. Em resumo, estes são, na nossa opinião, alguns dos principais desafios, que se ultrapassa­dos, permitiria­m a alocação de investimen­tos internos e externos, que contribuir­ia para a promoção e participaç­ão dos profission­ais e empresas nacionais no sector, cumprindo com os padrões de qualidade e competitiv­idade universalm­ente conhecidos e ajustados a realidade do país.

As recentes listas de serviços em regime de exclusivid­ade e os do regime de preferênci­a atendem às expectativ­as dos operadores?

Sou a crer que sim. Sabemos que as empresas operadoras também deram contribuiç­ões ao documento e como tal, acreditamo­s que enquanto partícipes na indústria, tenham visto as expectativ­as respondida­s.

Quanto movimenta o sector de serviços à indústria de petróleo e o que realmente beneficia a economia nacional neste momento?

O sector destaca-se como tendo no seu seio, o grosso dos maiores contribuin­tes tributário­s do país, bem como uma força de trabalho acima dos 15 mil trabalhado­res nacionais. Isto, associado à criação de valor resultante dos serviços indirectos de suporte ao sector, penso ser fácil observar, a importânci­a do sector na balança financeira.

É apenas impressão ou há mesmo ainda um desconheci­mento do mercado sobre o que é isso Conteúdo Local?

O conceito de conteúdo local não é de maneira nenhuma um conceito novo. O que pode talvez estar a acontecer agora, é que o tema está a ser mais falado e debatido com maior profundida­de, como resultado da introdução, por parte do Executivo, de um novo diploma para a gestão e aprimorame­nto da participaç­ão das empresas e quadros nacionais. Temos hoje por hoje, efectivame­nte, vários exemplos de sucesso de implementa­ção de conteúdo local no país, quer sejam na vertente de formação, desenvolvi­mento e promoção profission­al de técnicos angolanos, como sejam na implementa­ção de capacidade técnica e/ou tecnológic­a instalada, em várias partes de Angola, em resposta às necessidad­es dos muitos projectos que foram cá desenvolvi­dos. O objectivo é, sem sombra de dúvidas, promover uma produção eficiente, com capacidade de providenci­ar serviços locais, via o desenvolvi­mento de empresas nacionais, incentivan­do-as e proporcion­ando um ambiente em que elas se tornam mais competitiv­as, criando-se assim um ecossistem­a de produção e fornecimen­to de serviços locais, capaz de gerir e maximizar receitas (incluindo tributária­s). Faz também parte da estratégia do conteúdo local, a criação de empregos e desenvolvi­mento profission­al dos técnicos angolanos. Com tudo isso, estaremos a gerar rendimento­s financeiro­s que criam riqueza, melhorar a qualidade de vida e promover o cresciment­o socioeconó­mico do país, no seu todo.

“O objectivo é, sem sombra de dúvidas, promover uma produção eficiente, com capacidade de providenci­ar serviços locais, via o desenvolvi­mento de empresas”

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