Angola continua a ter um grande potencial de petróleo e gás. Que desafios e oportunidades vislumbram neste momento?
O que concluiu e recomendou a recente AOTC, e que combina também com o que se pretende para o conteúdo local?
A recente Conferência de Serviços e Tecnologia, organizada pela AECIPA, aqui em Luanda, serviu de plataforma para mais uma vez o sector poder reunir, debater, partilhar e apresentar propostas/ ideias dos temas mais prementes do sector energético, nos dias de hoje; temas como este que aqui abordamos, o conteúdo local, a transição energética, recrutamento e desenvolvimento de quadros angolanos (i.e. criação de emprego), transferência tecnológica e muitos outros. É um evento que nos propomos organizar numa frequência anual e assim fazer parte da cadeia de colaboração e diálogo no sector e com todos os principais stakeholders. No âmbito específico do conteúdo local, recebemos muitas contribuições, ideias e sugestões, em como aprimorar a implementação desta estratégia de conteúdo local. Em devido tempo, iremos apresenta-las à Agência Nacional de Petróleo e Gás e ao ministério de tutela, a ver como elas poderão, eventualmente, ser enquadradas no processo corrente.
O que mudou com a aprovação da Estratégia de Exploração de Hidrocarbonetos de Angola no período 2020-2025 e o Regime Jurídico do Conteúdo Local do Sector Petrolífero do qual AECIPA certamente deu o contributo e é parte interessada?
Bom aqui temos duas perguntas: Em relação a primeira, diria que a ideia dessa Estratégia de Exploração de Hidrocarbonetos é que se identificassem novas oportunidades ou campos petrolíferos que permitissem contribuir para o aumento da produção petrolífera nacional. Assim, no que posso entender das informações que nos chegam, é que esse projecto continua a bom porto. Em relação a segunda parte da sua pergunta, sim, nós enquanto membros e dirigentes da AECIPA (Associação das Empresas Prestadoras de Serviço da Indústria Petrolífera de Angola), trabalhamos muito em pareceria com a ANPG, para que tivéssemos hoje a aprovação desse novo Regime Jurídico. Assim, diria que a principal mudança é o enfoque que se colocou sobre os serviços que na realidade podem e devem ser desenvolvidos por empresas nacionais. Esse novo regime, permite que efectivamente se inicie um processo de promoção do empresariado nacional neste sector, que com o tempo, julgamos nós, permitirá que ganhemos um sector de serviços mais robusto, mais competente e mais autónomo. Como se pode concluir facilmente, isso acontecendo, teremos mais uma vez essa dinâmica de maior contribuição do sector para o desenvolvimento sócio económico do país, sempre na vertente de ser um forte veículo ou mecanismo de suporte a diversificação económica de Angola.
No meu entender, um dos nossos principais propósitos, deverão ser apoiar o crescimento do PIB através da obtenção de mais bens e serviços em Angola,
aumentando o investimento estrangeiro directo e o aumento da contribuição das PME no sector privado. Para isso, teremos também de continuar a trabalhar no desenvolvimento do Capital Humano, através da criação de oportunidades adicionais de emprego e o desenvolvimento de proficiências, para assim termos eficiência, e aumentarmos a competitividade das empresas nacionais. Para que tudo isso seja possível, é importante continuarmos a aumentar os nossos níveis de produção petrolífera, que ao mesmo tempo asseguram os rendimentos financeiros para que se tenha uma plataforma robusta de contribuição para diversificação económica de Angola e podermos rapidamente libertar-nos da dependência económica deste produto. Assim, criaremos um caminho robusto para a diversificação económica, em que o centro da nossa economia, o centro do nosso desenvolvimento económico, não estará apenas num único produto ou sector, mas sim num conjunto de sectores de produção nacional.