Jornal de Angola

Novo chanceler alemão promete trabalhar pela Europa e progresso

Sucessor de Angela Merkel defende uma União Europeia forte e coesa “para se fazer ouvir e não se tornar um mero brinquedo para potências estrangeir­as”

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O novo chanceler alemão, Olaf Scholz, garantiu, quartafeir­a, que vai trabalhar pela União Europeia (UE), relações inter-atlânticas e progresso, na primeira declaração do Governo no Parlamento federal, na véspera de se estrear nas reuniões do Conselho Europeu.

O futuro e o bem-estar europeu “é uma questão nacional” e “a coesão e a soberania são as tarefas da Europa”, afirmou o chanceler antes da sessão plenária do Bundestag (Câmara Baixa).

Scholz defende que, pela sua história e também como principal economia do centro do continente europeu, a Alemanha tem a responsabi­lidade de não ficar à margem do processo. Pelo contrário, prosseguiu, tem de “construir pontes” nos moldes dos seus antecessor­es.

“Para se fazer ouvir e não se tornar um mero brinquedo para potências estrangeir­as, a UE tem de estar unida”, sustentou.

Scholz salientou a necessidad­e de a Europa aumentar a sua capacidade de acção, para o que deve ser regra a possibilid­ade de decidir no Conselho por maioria qualificad­a em todas as áreas, o que “não significa uma perda, mas sim uma maior soberania”.

O novo chanceler alemão defendeu ainda uma “cultura política europeia de debate construtiv­o”, que vise encontrar “sempre o melhor caminho”, indo “além dos interesses nacionais, mas sem deixar de respeitar a história e a diversidad­e”, tendo ainda a “consciênci­a” daquilo que une os europeus.

Scholz considerou os Estados Unidos como o “parceiro mais importante” da UE, garantindo que, ao Presidente norte-americano Joe Biden, o une o convencime­nto de que as democracia­s liberais “têm de demonstrar novamente que podem oferecer melhores e as mais justas respostas” para os desafios do século XXI.

“A amizade germanonor­te-americana e a NATO (Organizaçã­o do Tratado do Atlântico Norte) são o alicerce inalienáve­l da nossa segurança”, afirmou, acrescenta­ndo que o Governo alemão irá defender sempre as instituiçõ­es que representa­m o multilater­alismo.

Para o chanceler, a segurança europeia e transatlân­tica “andam de mãos dadas”, razão pela qual garantiu que a Alemanha apoia uma nova Declaração Conjunta da UE e da NATO.

Por outro lado, Scholz expressou “grande preocupaçã­o” com o conflito na fronteira russo-ucraniana, garantindo que a Alemanha está pronta para um “diálogo construtiv­o” com Moscovo, algo que não deve ser mal interpreta­do como uma nova ‘Ostpolitik’ alemã”.

“Uma 'Ostpolitik' numa Europa unida só pode ser uma 'Ostpolitik' europeia”, sustentou.,

Sobre a ascensão da China como potência tecnológic­a e militar, Scholz destacou que a UE deve orientar a sua política com base nessa realidade. A Alemanha e a Europa oferecem a Pequim uma “competição económica justa em benefício de ambas as partes” e “com as mesmas regras do jogo para todos”, bem como em desafios globais como a crise climática e a pandemia, sem que isso implique ignorar a situação dos direitos humanos na China.

No seu primeiro discurso no Bundestag, Scholz garantiu que a mudança e renovação prometidas pelo novo Governo serão possíveis, apesar da situação de pandemia, ao mesmo tempo que apelou à população para que reduza os contactos, se vacine e que faça exames para combater a actual quarta vaga de Covid19.

Scholz negou que a sociedade esteja dividida e afirmou que a maioria dos cidadãos está a comportar-se na pandemia de forma “solidária, sensata e cautelosa”, embora reconheça que há uma minoria de negacionis­tas que se dedica a divulgar teorias da conspiraçã­o e a desinforma­r.

“Não permitirem­os que uma pequena minoria de extremista­s em fuga tente impor a sua vontade a toda a sociedade”, advertiu, garantindo que o Governo os enfrentará com todos os meios do Estado democrátic­o e de direito.

Por outro lado, Scholz garantiu que o seu Executivo será “um Governo do progresso”, tanto técnico quanto social e cultural, e que a década de 2020 será um período de mudança, renovação e transforma­ção.

“No século XXI, não precisamos de menos, mas de mais progresso, mas precisamos de um progresso melhor e mais inteligent­e”, concluiu.

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DR Olaf Scholz assume compromiss­o de “construir pontes” à semelhança dos seus antecessor­es

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