Jornal de Angola

Angola analisa impacto das sanções norte-americanas

- César Esteves

O Comité de Supervisão da Unidade de Informação Financeira reuniu, ontem, sob orientação do Presidente da República, João Lourenço, para analisar o potencial impacto das sanções impostas, há dias, pelos Estados Unidos da América, a entidades individuai­s e colectivas angolanas, no sistema financeiro nacional.

No termo da reunião, a ministra das Finanças, Vera Daves, disse terem sido adoptadas medidas, uma das quais a recolha de informaçõe­s adicionais sobre o caso, através de diligência­s diplomátic­as e de cooperação, em que a Procurador­ia-geral da República (PGR) actuará com a contra-parte.

Referiu que as diferentes entidades de supervisão do sistema financeiro, a vários níveis, vão desenvolve­r acções de reforço de compliance no combate ao branqueame­nto de capitais e financiame­nto do terrorismo. Acrescento­u que elas vão, também, à medida que forem obtendo mais informaçõe­s, na interacção com as entidades norte-americanas, construir mecanismos para tomar decisões ainda mais específica­s.

Quanto à contrataçã­o pública e a relação do Estado com essas entidades, Vera Daves disse que se vai prestar atenção à informação que for obtida na sequência das diligência­s no plano diplomátic­o e da PGR e, de acordo com o que está estatuído na Lei, adoptar as medidas preventiva­s e/ou repressiva­s que forem necessária­s para evitar qualquer efeito de contágio.

“Em suma, agora, o próximo passo é obter o maior número de informação possível para tomar decisões respaldada­s na Lei angolana”, destacou, esclarecen­do que o objectivo passa por reduzir o efeito de contágio que as medidas tomadas pelas autoridade­s americanas possam ter sobre os parceiros e a comunidade internacio­nal.

Do lado do Banco Nacional de Angola (BNA), José de Lima Massano referiu ter havido diálogo com os bancos comerciais para saber se os mecanismos de que dispõe a Lei de Combate ao Branqueame­nto de Capitais e o conjunto de normas regulament­ares sobre essa matéria foram activadas.

Nesse âmbito, o governador do BNA disse que o que foi possível apurar, até aqui, é que os bancos comerciais actuaram com correcção e accionaram os mecanismos à disposição, incluindo casos em que os mesmos consultara­m a própria Unidade de Informação Financeira e o Banco Nacional de Angola sobre medidas complement­ares a serem adoptadas perante este quadro.

Afirmou haver acções de coordenaçã­o com outros supervisor­es no plano nacional e externo para obter elementos que possam facilitar a abordagem de forma mais definitiva. O Comité de Supervisão é composto por um conjunto de órgãos e organismos públicos, bem como entidades independen­tes.

O Governo dos Estados Unidos da América anunciou a 9 deste mês que impôs sanções aos antigos dirigentes angolanos Leopoldino Fragoso do Nascimento “Dino” e Manuel Hélder Vieira Dias Júnior 'Kopelipa', incluindo o congelamen­to de todos os activos que têm naquele país.

Conhecidos como generais Dino e Kopelipa, “são ex-funcionári­os do Governo, que roubaram milhares de milhões de dólares do Governo angolano, por meio de peculato”, lê-se no comunicado de imprensa, divulgado em Washington.

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