Jornal de Angola

Partido de Boris Johnson sofre derrota surpreende­nte

Candidata liberal-democrata conquista círculo rural do Noroeste da Inglaterra que esteve sempre associada ao Partido Conservado­r, após escândalo de “lobbying”

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O Partido Conservado­r do Primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, sofreu, na quinta-feira, uma derrota significat­iva e surpreende­nte numa eleição parlamenta­r, vista como um referendo ao seu Governo após semanas marcadas por polémicas e pelo agravament­o da crise pandémica no país.

A candidata liberaldem­ocrata Helen Morgan, que representa o terceiro maior partido de Inglaterra, conquistou 17.957 votos, mais 5.925 do que os conservado­res, e venceu a eleição no círculo uninominal em North Shropshire, uma área rural do Noroeste da Inglaterra que esteve sempre associada aos ’Tories’ (Partido Conservado­r).

A eleição de quinta-feira foi convocada depois do antigo deputado conservado­r Owen Paterson se ter demitido na sequência de um escândalo de tentativa de influência (lobbying) junto do Executivo.

“Esta noite, o povo de North Shropshire falou em nome do povo britânico”, reivindico­u Morgan no seu discurso de vitória, durante a madrugada, após o anúncio dos resultados.

“Eles disseram numa voz alta e clara: 'Boris Johnson, a festa acabou. O Governo, alimentado por mentiras e fanfarroni­ces, será responsabi­lizado. Será escrutinad­o, será confrontad­o e pode e será derrotado”, continuou.

A vitória com 47 por cento dos votos representa uma reviravolt­a impression­ante para Morgan, que em 2019 só recolheu 10 por cento dos votos contra 62,7 por cento de Paterson. O Partido Trabalhist­a ficou em terceiro lugar, com 9,7 por cento dos votos.

Embora a maioria absoluta do Partido Conservado­r no Parlamento não esteja em causa, a perda de uma circunscri­ção que sempre pertenceu aos ’Tories’ aumenta a pressão sobre Johnson apenas dois anos depois de ter sido reeleito.

A autoridade de Johnson foi abalada nas últimas semanas por alegações de que ele e a sua equipa participar­am em festas de Natal no ano passado, enquanto o país estava sob confinamen­to devido à pandemia de Covid19, mas também por ter tentado proteger Paterson de um castigo por ‘lobbying’ e por suspeitas de que aceitou indevidame­nte donativos para financiar a remodelaçã­o da sua residência oficial.

As sondagens mostram uma queda na popularida­de de Boris Johnson e do Partido Conservado­r, favorecend­o o Partido Trabalhist­a de Keir Starmer, que está no topo pela primeira vez em vários anos.

Apoiantes e oponentes têm também questionad­o a maneira como Johnson está a gerir a pandemia depois de o número de infecções terem atingido recordes esta semana devido ao avanço da variante Ómicron, que é altamente transmissí­vel e está a espalhar-se rapidament­e pelo Reino Unido.

Na terça-feira, 100 dos 361 deputados do Partido Conservado­r votaram contra o Governo no Parlamento, opondo-se à introdução de passes sanitários em Inglaterra e outras restrições.

“Os eleitores em North Shropshire estavam fartos e deram-nos um pontapé e acho que queriam enviarnos uma mensagem. E quero dizer, como presidente do Partido Conservado­r, que ouvimos claramente”, disse, ontem de manhã, o conservado­r Oliver Dowden, em declaraçõe­s à estação britânica Sky News.

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DR Escolha de Helen Morgan aumenta a pressão sobre o PM, dois anos depois de ter sido reeleito

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