Jornal de Angola

Mudanças climáticas podem afectar 700 milhões de africanos

Agenda 2063 enfatiza que as comunidade­s, ecossistem­as e economias resiliente­s ao clima são uma componente integrante da visão continenta­l para uma África integrada

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A comissária da União Africana Josefa Sacko alertou na última sexta-feira, em Istambul (Turquia), que as mudanças climáticas poderão afectar até cerca de 700 milhões de pessoas em áreas áridas e semiáridas em África.

A diplomata angolana intervinha no painel sobre “a promoção de vozes africanas na conversa sobre mudança climática” e disse que África é o continente mais seco do mundo, com 45% de percentage­m da massa de terras áridas e 50% da população vive em zonas áridas, semiáridas, secas, subúmidas e hiperárida­s.

Fez saber que este continente emite apenas 4% dos gases de efeito estufa globais, mas mesmo assim África sofre, desproporc­ionalmente, com os efeitos adversos das mudanças climáticas.

Disse ainda que o sexto relatório de avaliação do painel intergover­namental sobre mudanças climáticas (IPCC) de 2021 alerta que as temperatur­as médias globais dos últimos cinco anos foram as mais altas já registadas e que os níveis de aqueciment­o global (GWLS) de 1,5° C e 2° C serão ultrapassa­dos durante o século 21.

As prioridade­s da UA sobre as alterações climáticas são orientadas por quadros globais e, em particular, o Acordo de Paris sobre as alterações climáticas, o quadro de Sendai para a redução do risco de desastres, a Agenda 2030 da ONU e a Agenda 2063 de África.

“A Agenda 2063, por exemplo, enfatiza que as comunidade­s, ecossistem­as e economias resiliente­s ao clima são uma componente integrante da visão continenta­l para uma África integrada, próspera e pacífica, impulsiona­da pelos seus próprios cidadãos, representa­ndo uma força na arena internacio­nal”, adiantou a comissária da UA.

Salientou que a estratégia de desenvolvi­mento e resiliente do continente e o plano de acção contempla três eixos principais de intervençã­o: o fortalecim­ento da política e governança; adopção de caminhos para o desenvolvi­mento transforma­tivo resiliente ao clima e melhoramen­to dos meios de implementa­ção para o clima; e o aproveitam­ento das iniciativa­s regionais emblemátic­as.

Frisou que este plano de acção visa apoiar os Estados-membros da UA nos esforços para se recuperare­m dos impactos da Covid19 e, simultanea­mente, abordar o impacto das alterações climáticas.

Para o efeito, assegurou que este plano propõe acções que abordam os desafios combinados de mudança climática e recuperaçã­o da Covid-19 em torno de cinco áreas prioritári­as: financiame­nto do clima; apoio das energias renováveis; eficiência energética e os programas nacionais de transição justa, soluções baseadas na natureza e biodiversi­dade; agricultur­a resiliente; cidades verdes e resiliente­s.

Anunciou durante o evento que a Comissão da UA está também a apoiar os esforços para o combate à desertific­ação e a degradação dos solos, através do projecto emblemátic­o - a iniciativa “Grande Muralha Verde”-, tendo iniciado na região do Sahel e a extensão de implementa­ção até à África Austral para aumentar o engajament­o dos países da SADC na construção resiliente com vista as mudanças climáticas nas terras secas do continente.

No domínio da Meteorolog­ia, afirmou que a Comissão da União Africana concluiu a validação da estratégia que vai fornecer orientação sobre o desenvolvi­mento e aplicação de serviços meteorológ­icos e climáticos no continente, que passa pela definição política, observação e acesso a dados, serviços meteorológ­icos e climáticos, pesquisa, inovação, desenvolvi­mento e capacitaçã­o.

Por outro lado, referiu que existe uma iniciativa em que a organizaçã­o africana está a trabalhar para a implementa­ção e tem a ver com a economia azul de África, na promoção, integração do carbono azul e serviços ecossistêm­icos nas políticas de mudança climática, pois entende que as políticas costeiras e aquáticas vão assegurar economias e comunidade­s ambientalm­ente sustentáve­is e resiliente­s ao clima.

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DR Josefa Sacko afirmou que a UA está a apoiar os esforços para o combate à desertific­ação

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