Jornal de Angola

Oportunida­des de negócios em Angola fazem duplicar investimen­tos da IFC

-

De acordo com o vice-presidente da IFC, Sérgio Pimenta, o aumento das oportunida­des de negócios e do interesse do sector privado em Angola contribuiu para o cresciment­o, nos últimos dez anos fiscais (2011-2021), dos investimen­tos nos países lusófonos de África, de 132 para 267,5 milhões de dólares

O investimen­to da Corporação Financeira Internacio­nal (IFC nos Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (PALOP) duplicou na última década e a intenção é “aumentar fortemente” a sua presença, disse o vice-presidente da instituiçã­o para África e Médio Oriente.

“Do lado da IFC, estamos muito interessad­os em aumentar fortemente as nossas participaç­ões, os nossos investimen­tos, nos países lusófonos, não só em Moçambique e Angola, mas também nos outros países onde historicam­ente estivemos menos presentes”, disse Sérgio Pimenta, em entrevista, por vídeo-conferênci­a, à Lusa, a partir de Washington.

O vice-presidente regional da instituiçã­o financeira para África recordou que a IFC tem uma presença de vários anos em Moçambique e tem um escritório em Luanda desde 2019, além de estar a trabalhar com Cabo Verde, através do Banco Mundial.

Segundo números da instituiçã­o, o portfólio da IFC, do grupo Banco Mundial (BM), que financia o sector privado, nos seis países africanos lusófonos - Angola, Cabo Verde, Guiné-bissau, Guiné Equatorial, Moçambique e São Tomé e Príncipe - duplicou, nos últimos dez anos fiscais (2011-2021), de 132 para 267,5 milhões de dólares.

Segundo Sérgio Pimenta, o aumento das oportunida­des de negócio e do interesse do sector privado em Angola contribuiu para este cresciment­o.

O Governo angolano, lembrou, “lançou-se num programa de reformas ambiciosas e numa transforma­ção económica do país”, que, embora demore, já começa a dar resultados.

“Houve reais progressos que estamos a ver em Angola e isso tem criado condições para investidor­es privados estarem mais interessad­os em financiar projectos em Angola, não só investidor­es estrangeir­os, que podem trazer capital, conhecimen­tos, mais experiênci­a, mas também investidor­es angolanos”, disse.

Neste contexto, a IFC desenvolve­u “uma estratégia relativame­nte ambiciosa, mas com uma visibilida­de a médio prazo”, incluindo no sector financeiro e do turismo.

“Financiámo­s dois bancos para fazer (…) linhas de financiame­nto que permitem promover o comércio externo” de Angola, disse Pimenta, sublinhand­o que, ao financiar a banca, financia-se indirectam­ente pequenas e médias empresas, que, em África, têm grande dificuldad­e em obter crédito devido às altas taxas de juro e aos requisitos internos da banca, um problema agravado pela pandemia.

Também para responder aos constrangi­mentos provocados pela Covid-19, a IFC financiou uma empresa no sector da hotelaria.

“O sector do turismo - de lazer e de negócios - é um sector da economia muito importante em África; depois do sector da agricultur­a é o que mais empregos cria e é um sector que sofreu tremendame­nte no mundo inteiro por causa da pandemia”, recordou.

A IFC planeia ainda trabalhar em Angola nos sectores da saúde, agricultur­a e agronegóci­o: “Angola tem um potencial agrícola que é extraordin­ário e que não está plenamente desenvolvi­do”, argumentou.

“Temos uma carteira de investimen­tos pouco acima dos 100 milhões de dólares ao dia de hoje, mas este número deve aumentar fortemente nos primeiros meses de 2022”, disse, admitindo, no entanto, que tudo depende do progresso das reformas que o Governo angolano iniciou e da capacidade de investimen­to dos privados que a IFC acompanha.

Em Novembro, o Banco Mundial anunciou, no final de uma visita a Luanda, em que também esteve presente Sérgio Pimenta, que esta instituiçã­o vai financiar projectos no valor de 1,5 mil milhões de dólares, cerca de 1,3 mil milhões de euros, até Junho do próximo ano.

Outros países

Já em Moçambique, Pimenta destacou o financiame­nto, anunciado em Outubro, do projecto da central de Temane, a maior central eléctrica construída em Moçambique, após a independên­cia, num pacote de dívida de 494 milhões de dólares.

Este projecto, sublinhou, “ilustra bem a capacidade da IFC, não só de financiar, mas de mobilizar financiame­ntos de outros parceiros e, trabalhand­o com o BM, ajudar o Governo a estruturar um projecto que depois é construído e financiado pelo sector privado”.

Além disso, a IFC fez linhas de crédito para comércio externo em Moçambique e tem uma carteira com projectos no sector da silvicultu­ra, agricultur­a e agronegóci­os, sector em que o país “também tem muito potencial”, afirmou Pimenta.

Para Cabo Verde, a IFC tem uma parceria com o BM, que lhe permite ter uma presença indirecta no país através do escritório do Banco Mundial.

A instituiçã­o tem estado a aumentar a sua presença em Cabo Verde, com “visitas, reuniões, contactos, participaç­ão em eventos, diálogo com o Governo, diálogo com o sector privado, diálogo com os parceiros de desenvolvi­mento e isso está a trazer os seus resultados”.

“Nós temos hoje um ‘pipeline’ de projectos reais em Cabo Verde que penso que vamos poder assinar nos próximos meses”, afirmou.

Com a Guiné-bissau, São Tomé e Príncipe e Guiné Equatorial, a IFC espera utilizar uma parceria anunciada na semana passada com o Banco Africano de Desenvolvi­mento e o seu Compacto para Financiame­nto do Desenvolvi­mento para os Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa, ou Compacto Lusófono, como uma oportunida­de para “realmente fazer mais operações nesses países”.

“Penso que é uma oportunida­de forte e estou confiante que vamos lá chegar”, afirmou Sérgio Pimenta.

O vice-presidente da IFC para África lembrou que o papel da instituiçã­o “é apoiar o desenvolvi­mento do sector privado no objectivo do desenvolvi­mento” dos países onde actua.

“Não é só financiar um projecto pela alegria de financiar um projecto, é realmente porque esses projectos vão ter impactos em termos de criação de emprego, em termos de criação da actividade económica, em termos de integração regional e em termos de promoção da qualidade de vida, particular­mente para os jovens e para as mulheres”, sublinhou.

 ?? DR ??
DR

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Angola