Como foi 2021…?
Hoje, com a proliferação do vírus à escala global, vemos que o mundo está cada vez mais interdependente, sendo que os problemas dos outros também são nossos e vice-versa. Podemos encontrar flagrantes de contaminação viral, com o aparecimento das diversas variantes da Covid-19, e recentemente com a Ómicron, também designada por variante de preocupação (VDP) do SARS-COV-2. Portanto, os impactos da Covid-19 são inúmeros, desde a crise dos alimentos. Vejamos que é um facto adquirido a interdependência das economias. Havendo uma crise de alimentos na China, este fenómeno repercute negativamente em várias economias no mundo, ou mercados muito expostos à flutuação do preço dos alimentos.
Em termos económicos, à excepção da economia chinesa, todos os países passam hoje pelo problema da recessão, causada não só pelos movimentos ininterruptos de abertura e fecho que derivam das restrições à mobilidade de pessoas, mas também pela incapacidade da economia mundial, que não cresceu a um ritmo desejável.
Assim, apontamos o sector do Turismo como um dos primeiros a ser atingido com um impacto brutal em termos de destruição de valor e de postos de trabalho. A Organização Mundial do Turismo declarou, recentemente, que o sector é um dos mais afectados, ficando em causa cerca de 75 milhões de postos de trabalho em todo mundo. A referida organização exortou os Estados a que criem, no póscovid-19, medidas de apoio e priorização do sector, visando a sua recuperação, uma vez que representa 10,4% do Produto Interno Bruto Mundial, ou seja, 1 em cada 10 postos de trabalho no mundo pertence ao Turismo.
Para interdependência dos problemas que afectam o mundo concorre também a crise climática global, que mereceu destaque na Conferência da ONU - Organização das Nações Unidas - sobre a Mudança Climática (COP26). Vários Chefes de Estado negociaram e definiram acções de combate à crise climática global, com vista à transição para uma economia de baixo carbono. Portanto, as conclusões extraídas da 76ª sessão da Assembleia-geral das Nações Unidas reiteraram a necessidade de uma maior interdependência entre os países, porque é desta correlação que se constrói os caminhos da paz, segurança, desenvolvimento e prosperidade. Daí a urgência em se reforçarem os mecanismos de cooperação e solidariedade multilaterais, para um desenvolvimento verdadeiramente sustentado.
O mundo encarou a nova forma de viver e tem enfrentando novos desafios. A economia mundial começa a dar sinais e os próximos dois anos serão interessantes, não só para os países desenvolvidos, mas, sobretudo, para as economias emergentes que se preparam para entrar num novo ciclo de crescimento, motivado pela retoma do gigante asiático - a China -, que é responsável por cerca 20% do PIB mundial. Segundo o Fundo Monetário Internacional (FMI), após revisão, prevê-se que cresça 8,1% este ano e cerca de 5,7% em 2022. Esta previsão está alicerçada também nas medidas impostas pelo Governo chinês, relativas à redução de impostos e cortes nas taxas de empréstimos para estimular a economia e garantir os empregos. Os sinais de retoma também são visíveis na economia Indiana, que tomou posições de destaque como um dos principais mercados importador de commodities. O Governo indiano também implementou reformas para impulsionar a sua economia e, após revisão em alta do FMI, que prevê para 2021 um aquecimento de 11,5% e 6,8% em 2022.
Ainda num clima de prosperidade, o petróleo volta a ser notícia, depois do preço do barril do Brent ter registado uma recuperação. Situou-se acima dos 80 USD, em Novembro, e sofreu uma ligeira descida, colocando-se nos 73 USD nos mercados internacionais. Apesar da ligeira queda do preço, existe a tendência da procura do petróleo à escala global. Portanto, a procura aumentou a uma velocidade maior do que a oferta, o que faz com que um pequeno aumento ou redução ligeira da produção tenha um impacto considerável no preço final, daí a volatilidade do preço desta commodity. Esta situação de aceleração do preço do brent tem suscitado, ao nível dos mercados financeiros, uma ansiedade brutal, uma vez que, se for de facto uma tendência estrutural, os maiores mercados de produção de petróleo terão de criar novas estratégias de sustentação, pelo facto deste aumento suscitar também a alteração de outras commodities energéticas, como por exemplo o gás natural, energia, licenças de carbono, muito influenciadas pela crise energética verificado a nível internacional.
A retoma das actividades por parte de muitos países a um ritmo maior que o esperado elevou substancialmente o consumo de gás natural, sem que a oferta acompanhasse a mesma velocidade, o que se traduz em que os países têm conseguido implementar os seus programas com acções de recuperação previstas no período pós-pandemia.
A retoma das actividades por parte de muitos países a um ritmo maior que o esperado elevou substancialmente o consumo de gás natural, sem que a oferta acompanhasse a mesma velocidade, o que se traduz em que os países têm conseguido implementar os seus programas com acções de recuperação previstas no período pós-pandemia