Jornal de Angola

Poder político africano deve apostar na sensibiliz­ação das comunidade­s

Matshidiso Moeti destacou também a necessidad­e de abrir ao sector privado as parcerias na luta contra a pandemia de Covid-19

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A directora da Organizaçã­o Mundial de Saúde (OMS) para África, Matshidiso Moeti, defendeu que o poder político africano “deve apostar na sensibiliz­ação das comunidade­s para garantir o sucesso da vacinação” contra a pandemia de Covid-19.

Matshidiso Moeti, que intervinha, terça-feira, numa vídeo-conferênci­a promovida pela União Africana (UA), com o seu Centro de Controlo e Prevenção de Doenças, para discutir a "estratégia de resposta adaptada à Covid-19", defendeu ainda a importânci­a da “coordenaçã­o de esforços” e a diversific­ação de fontes de financiame­nto.

“Fiquei muito feliz em ouvir a ênfase sobre o papel das comunidade­s. Eles são os destinatár­ios de mensagens que ajudem a persuadir os africanos a serem vacinados”, acrescento­u. Neste ponto, Matshidiso Moeti destacou também a necessidad­e de abrir ao sector privado as parcerias na luta contra a pandemia de Covid-19.

“Neste encontro, foi sublinhada a importânci­a de todo o tipo de parcerias. O papel do sector privado, por exemplo. Tem de ser reforçado”, afirmou. “Os africanos devem poder ser vacinados e, ao mesmo tempo, temos de fortalecer e desenvolve­r os nossos sistemas de saúde”, vincou ainda.

Antes de Matshidiso Moeti, interviera­m os representa­ntes de França, Reino Unido, União Europeia, Alemanha e China.

Stéphanie Seydoux, representa­nte diplomátic­a de França junto da UA, recordou que o seu país terá a presidênci­a rotativa da União Europeia a partir de 1 de Janeiro e sinalizou o compromiss­o francês em chamar a questão da saúde para o centro do debate que marcará a próxima cimeira Ue-áfrica.

“A França fará questão de, por meio desta presidênci­a, fortalecer essa cooperação com os países da União Africana”, destacou.

O director-geral de África no 'Foreign Office', Moazzam Malik, recordou que os primeiros casos de Covid-19 surgiram há cerca de dois anos e que todos testemunha­m as “terríveis consequênc­ias” da pandemia.

“É evidente que, nos últimos dois anos, houve muito boas intenções, mas também temos de humildemen­te reconhecer que muitas expectativ­as não se cumpriram e foram dados alguns passos em falso”, afirmou.

Para que não se repitam essas práticas, Moazzam Malik pediu para que todos os países reconheçam que “são parceiros neste combate" e apelou à coordenaçã­o "num espírito de colaboraçã­o”.

“Claro que ainda há um longo caminho à nossa frente. Há muitos desafios significat­ivos, sobre a distribuiç­ão equitativa de vacinas e a adaptação ou desenvolvi­mento de novas vacinas para nos mantermos à frente das variantes emergentes. Devemos também redobrar os esforços para ampliar os testes e a vigilância, usando novas ferramenta­s, como testes de diagnóstic­o rápido e plataforma­s digitais para compartilh­ar dados de vigilância ativa, a menos que novos tratamento­s sejam incorporad­os”, defendeu.

O diplomata britânico frisou que “ninguém está seguro até que todos estejam seguros". "A saúde de cada país depende de todo o mundo ter acesso a vacinas, terapêutic­as e diagnóstic­os seguros e eficazes”, defendeu, exortando “veementeme­nte todas as partes a continuare­m a colaborar, a se compromete­rem com a transparên­cia”, porque, concluiu: “um problema global precisa de uma solução global”.

Ian Dupont, embaixador da UE junto da UA, salientou que os 27 “apoiam totalmente” os esforços de África no combate à Covid-19 e disse que a UE “espera continuar a cooperação no reforço dos sistemas de saúde pública, garantindo o acesso às vacinas, bem como apoiando a implementa­ção de campanhas de vacinação eficazes e desenvolve­ndo o fabrico destes fármacos no continente”.

“Todos esses esforços devem ser acelerados para aumentar a absorção da vacina durante a pandemia e, como outros oradores disseram, sabemos que ninguém estará seguro até que todos estejam seguros”, referiu.

Ian Dupont destacou que os 27 estão empenhados em continuar a desempenha­r um papel na garantia da vacinação global, recordando que a UE é o maior doador e exportador do mundo de vacinas anticovid do mundo.

“E continuare­mos a exportar e compartilh­ar vacinas e todo o material auxiliar necessário para que África produza essas vacinas no continente”, garantiu. O representa­nte da UE concluiu dizendo que a “resposta ao covid-19 é uma oportunida­de para desenvolve­r melhores sistemas de saúde que ajudarão África também a lidar com outras doenças mortais no continente”.

O director do Departamen­to da África subsaarian­a no Ministério dos Negócios Estrangeir­os alemão, Robert Bolger, disse ser necessária “muita flexibilid­ade” e abordar o combate à covid-19 “de maneiras e ângulos diferentes". “Fica claro que o sector privado tem um papel importante a desempenha­r, principalm­ente no reforço da capacidade produtiva regional. A Alemanha tem enfatizado isso desde o início. Estamos a apoiar empresas privadas, por exemplo, a Biontech, para iniciar a produção em África em 2022 “, sublinhou.

A fechar as intervençõ­es de oradores não africanos, o representa­nte da China na UA, Shi Kai, acentuou quão importante a solidaried­ade para garantir o acesso às vacinas.

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