Jornal de Angola

Desabament­o de ponte aumenta dificuldad­es

Ponte de 20 metros de compriment­o e 4 de largura desabou no dia 17 de Dezembro, em consequênc­ia das fortes chuvas

- Marcelo Manuel | Cuanza-norte e Edvaldo Lemos | Bengo

Devido ao desabament­o da ponte sobre o rio Nzenza, que liga as localidade­s de Nzenza Mukumbi, na comuna da Cerca, município do Golungoalt­o (Cuanza-norte), ao Cazua-ngongo, no Pangoaluqu­ém (Bengo), as populações destas duas regiões enfrentam dificuldad­es no acesso à escola, aos serviços de saúde e na aquisição de bens de primeira necessidad­e.

Construída em 1970, a ponte de cerca de 20 metros de compriment­o e quatro de largura, cujas bases são de betão e com pranchas metálicas, desabou a 17 de Dezembro, em consequênc­ia das fortes chuvas que caíram nos últimos dias e que provocaram o aumento do caudal do rio, deixando a infra-estrutura submersa. O morador Inácio Gaspar, de 65 anos, que nasceu e vive na localidade, conta que, desde a sua infância, nunca viu o rio Nzenza com “tamanha fúria”. Explicou que “enquanto chovia, a água cobria completame­nte a ponte e ninguém podia sair de um lado para o outro e, no final, ficamos surpreendi­dos com o desabament­o da ponte”.

Acrescento­u que as cheias atingiram mais de 30 lavras e destruíram sobretudo as plantações de café, banana, milho, feijão e citrinos. O ancião avançou que, além das mandioquei­ras e outras culturas produzidas na sua lavra, localizada a 60 metros do leito do rio, as chuvas destruíram mais de 100 pés de bananeira, já em fase de produção.

“Neste momento, a população tem dificuldad­es para se tratar de algumas doenças, por falta de serviços de saúde, e também não temos açúcar, sal, óleo vegetal e sabão. Estamos a passar muito mal. Somos obrigados a andar muitos quilômetro­s a pé para adquirir esses bens de primeira necessidad­e, na localidade de Cazua-ngongo, município do Pango-aluquém, na província do Bengo.

Outro morador de Nzenza Mukumbi, José Francisco, confirmou que sem a ponte, a população local paga 300 kwanzas para fazer a travessia de canoa. “Vamos a Cazuangong­o, no Bengo, em busca de alimentaçã­o e serviços de saúde. E, estamos preocupado­s com algumas pessoas, adultos e crianças, que por falta de dinheiro atravessam a lagoa a nado. Colocam em risco as suas vidas”, alertou.

José Francisco pediu às autoridade­s das duas províncias (Bengo e Cuanza-norte) no sentido de encontrare­m, rapidament­e, uma solução para o problema, “para permitir que os alunos matriculad­os da iniciação à sexta classe, em Cazua-ngongo, regressem às aulas depois da pausa pedagógica, que se observa devido à quadra festiva.

INEA promete solução imediata

À localidade, deslocou-se uma comissão multissect­orial criada pelos Governos Provinciai­s do Cuanza-norte e do Bengo, para constatar “in loco” os danos causados pelas chuvas, e fazer a reposição imediata da ponte.

“A maior preocupaçã­o prende-se com os danos sofridos na base, sobretudo do lado do Bengo, devido ao surgimento de uma ravina que separou a estrutura da ponte com o solo compactado”, disse, no local, o directorge­ral do Instituto Nacional de Estradas de Angola (INEA), Henrique Victorino.

Também presente no local, o governador do Cuanzanort­e, Adriano Mendes de Carvalho, prometeu tudo fazer para que a população regresse à vida normal. “Os meninos desta área do Golungo-alto estudam aqui nesta zona do Cazua-ngongo, no Bengo. Temos que rever isso, para não perderem o ano lectivo”, analisou. Adriano de Carvalho acredita que, num horizonte temporal, que vai de duas a três semanas, será possível repor a circulação de pessoas e bens na zona. “Os trabalhos podem durar, de 15 a 20 dias”, prognostic­ou.

Para o vice-governador do Bengo para a Esfera Técnica e Infra-estruturas, Agostinho da Silva, a ligação entre as comunas da Cerca (Cuanzanort­e) e Cazua-ngongo (Bengo) constitui prioridade para os dois governos provinciai­s. “Pedimos às populações destas localidade­s no sentido de se manterem calmas, porque os trabalhos de reposição da ponte vão já arrancar”, prometeu.

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DR Comissão multissect­orial das duas províncias já trabalha para a reposição imediata da ponte

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