Desabamento de ponte aumenta dificuldades
Ponte de 20 metros de comprimento e 4 de largura desabou no dia 17 de Dezembro, em consequência das fortes chuvas
Devido ao desabamento da ponte sobre o rio Nzenza, que liga as localidades de Nzenza Mukumbi, na comuna da Cerca, município do Golungoalto (Cuanza-norte), ao Cazua-ngongo, no Pangoaluquém (Bengo), as populações destas duas regiões enfrentam dificuldades no acesso à escola, aos serviços de saúde e na aquisição de bens de primeira necessidade.
Construída em 1970, a ponte de cerca de 20 metros de comprimento e quatro de largura, cujas bases são de betão e com pranchas metálicas, desabou a 17 de Dezembro, em consequência das fortes chuvas que caíram nos últimos dias e que provocaram o aumento do caudal do rio, deixando a infra-estrutura submersa. O morador Inácio Gaspar, de 65 anos, que nasceu e vive na localidade, conta que, desde a sua infância, nunca viu o rio Nzenza com “tamanha fúria”. Explicou que “enquanto chovia, a água cobria completamente a ponte e ninguém podia sair de um lado para o outro e, no final, ficamos surpreendidos com o desabamento da ponte”.
Acrescentou que as cheias atingiram mais de 30 lavras e destruíram sobretudo as plantações de café, banana, milho, feijão e citrinos. O ancião avançou que, além das mandioqueiras e outras culturas produzidas na sua lavra, localizada a 60 metros do leito do rio, as chuvas destruíram mais de 100 pés de bananeira, já em fase de produção.
“Neste momento, a população tem dificuldades para se tratar de algumas doenças, por falta de serviços de saúde, e também não temos açúcar, sal, óleo vegetal e sabão. Estamos a passar muito mal. Somos obrigados a andar muitos quilômetros a pé para adquirir esses bens de primeira necessidade, na localidade de Cazua-ngongo, município do Pango-aluquém, na província do Bengo.
Outro morador de Nzenza Mukumbi, José Francisco, confirmou que sem a ponte, a população local paga 300 kwanzas para fazer a travessia de canoa. “Vamos a Cazuangongo, no Bengo, em busca de alimentação e serviços de saúde. E, estamos preocupados com algumas pessoas, adultos e crianças, que por falta de dinheiro atravessam a lagoa a nado. Colocam em risco as suas vidas”, alertou.
José Francisco pediu às autoridades das duas províncias (Bengo e Cuanza-norte) no sentido de encontrarem, rapidamente, uma solução para o problema, “para permitir que os alunos matriculados da iniciação à sexta classe, em Cazua-ngongo, regressem às aulas depois da pausa pedagógica, que se observa devido à quadra festiva.
INEA promete solução imediata
À localidade, deslocou-se uma comissão multissectorial criada pelos Governos Provinciais do Cuanza-norte e do Bengo, para constatar “in loco” os danos causados pelas chuvas, e fazer a reposição imediata da ponte.
“A maior preocupação prende-se com os danos sofridos na base, sobretudo do lado do Bengo, devido ao surgimento de uma ravina que separou a estrutura da ponte com o solo compactado”, disse, no local, o directorgeral do Instituto Nacional de Estradas de Angola (INEA), Henrique Victorino.
Também presente no local, o governador do Cuanzanorte, Adriano Mendes de Carvalho, prometeu tudo fazer para que a população regresse à vida normal. “Os meninos desta área do Golungo-alto estudam aqui nesta zona do Cazua-ngongo, no Bengo. Temos que rever isso, para não perderem o ano lectivo”, analisou. Adriano de Carvalho acredita que, num horizonte temporal, que vai de duas a três semanas, será possível repor a circulação de pessoas e bens na zona. “Os trabalhos podem durar, de 15 a 20 dias”, prognosticou.
Para o vice-governador do Bengo para a Esfera Técnica e Infra-estruturas, Agostinho da Silva, a ligação entre as comunas da Cerca (Cuanzanorte) e Cazua-ngongo (Bengo) constitui prioridade para os dois governos provinciais. “Pedimos às populações destas localidades no sentido de se manterem calmas, porque os trabalhos de reposição da ponte vão já arrancar”, prometeu.