Jornal de Angola

Desmond Tutu vai amanhã a enterrar na Cidade do Cabo

O corpo do arcebispo sul-africano Desmond Tutu chegou um dia mais cedo do que o previsto à Cidade do Cabo para que um maior número de pessoas o possa homenagear antes do seu funeral, que se realiza amanhã com honras de Estado

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O corpo do arcebispo emérito da África do Sul, Desmond Tutu, chegou, ontem, à Catedral da Cidade do Cabo para que centenas de sul-africanos possam prestar uma última homenagem ao ícone da luta contra o apartheid.

No meio de medidas de segurança apertadas, o caixão chegou à Catedral de São Jorge nas primeiras horas da manhã de ontem, e foi recebido pelo actual arcebispo da Cidade do Cabo e líder da Igreja Anglicana da África Austral, Thabo Makgoba, segundo notícias veiculadas pela agência espanhola Efe.

A família do icónico líder religioso, que morreu no domingo, aos 90 anos, aguardou no interior e teve um momento a sós antes da abertura da Catedral ao público. De acordo com os desejos do próprio Tutu, que tinha pedido que nenhum dinheiro fosse gasto desnecessa­riamente no seu funeral, o caixão é um modelo de madeira muito simples, sem qualquer decoração a não ser um pequeno ramo de flores brancas colocadas no topo.

Inicialmen­te, o corpo só deveria estar em câmara ardente, ontem, véspera do funeral de Estado que decorrerá amanhã. No entanto, a Fundação Tutu e as autoridade­s decidiram antecipar o início da cerimónia pública, esperando que um grande número de pessoas queira prestar homenagem ao arcebispo na sua antiga Catedral.

Prémio Nobel da Paz em 1984 pela sua luta contra a opressão racial do 'apartheid', Tutu é considerad­o uma das figuras-chave da história contemporâ­nea da África do Sul.

A sua carreira foi marcada por uma constante defesa dos direitos humanos, algo que o levou a distanciar-se em numerosas ocasiões da hierarquia eclesiásti­ca para defender abertament­e posições como os direitos dos homossexua­is ou a eutanásia. Nos últimos anos, afastouse da vida pública devido à idade avançada e aos problemas de saúde de que sofria há anos, incluindo cancro da próstata.

Homenagem de Ramaphosa

No início da semana, a Presidênci­a sul-africana anunciou que as cerimónias fúnebres do arcebispo emérito Desmond Tutu, que decorrerão amanhã, na Catedral Anglicana de São Jorge, na Cidade do Cabo, terão honras de um funeral de Estado.

“Em reconhecim­ento pela ilustre vida do falecido arcebispo emérito Tutu e da sua inestimáve­l contribuiç­ão para a nação”, o Presidente da África do Sul, Cyril Ramaphosa, determinou que o líder religioso terá um funeral de Estado, anunciou a Presidênci­a em comunicado citado pela Efe.

Os sul-africanos deixaram durante toda a semana ramos de flores e notas de homenagem a Tutu na igreja, um símbolo da democracia no país conhecido como a “Catedral do povo” durante o regime racista do 'apartheid', que governou desde 1948 até ao início dos anos 90 na África do Sul.

Falando a meio da semana à imprensa fora da residência da família de Tutu, o Presidente Ramaphosa salientou que “o seu estatuto global e o amor que está a receber de vários países de todo o mundo mostra muito do que representa­va e do que as pessoas viam nele, como um grande líder”.

A carreira de Desmond Tutu foi marcada por uma constante defesa dos direitos humanos, algo que o levou a distanciar-se em numerosas ocasiões da hierarquia eclesiásti­ca para defender abertament­e posições como os direitos dos homossexua­is ou a eutanásia

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DR Desmond Tutu é considerad­o uma das figuras-chave da história contemporâ­nea da África do Sul

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