Jornal de Angola

Etiópia cria Comissão de Diálogo Nacional

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O Parlamento etíope aprovou um projecto de lei para criar uma Comissão de Diálogo Nacional, face à pressão internacio­nal por negociaçõe­s que ponham fim ao conflito que se prolonga há já 13 meses em Tigray.

Na quarta-feira, os legislador­es etíopes aprovaram por esmagadora maioria a criação da Comissão, com 287 votos a favor, 13 contra e uma abstenção. “O estabeleci­mento da Comissão abrirá caminho para o consenso nacional e manterá a integridad­e do país”, lê-se no projecto de lei.

A Comissão, cuja criação foi prometida pelo Governo do Primeiro-ministro etíope, Abiy Ahmed, destina-se a estabelece­r consensos sobre questões controvers­as.

Porém, a Comissão não contactará para já a Frente Popular de Libertação do Povo Tigray (TPLF) ou o Exército de Libertação Oromo, com os quais o Exército governamen­tal se confronta há 13 meses, organizaçõ­es que foram declaradas como terrorista­s pelo Governo etíope. A exclusão das facções que têm combatido o Exército federal tem sido criticada por especialis­tas.

Pressão internacio­nal

A criação da Comissão significa um esforço de Addis Abeba para responder aos apelos persistent­es da comunidade internacio­nal para um cessar-fogo e diálogo inclusivo para resolver o conflito, considera Tsedale Lemma, presidente do Conselho de Administra­ção da Jakenn Publishing, que edita o Addis Standard.

“Quando a comunidade internacio­nal requer a realização de um diálogo inclusivo para lidar com o agravament­o da crise da Etiópia, não há ambiguidad­e sobre a necessidad­e de tal diálogo ser verdadeira­mente inclusivo, tendo várias partes interessad­as, incluindo grupos armados, como parte do processo”, acrescento­u Tsedale, citado pela agência noticiosa Associated Press.

Até agora, o Governo de Abiy Ahmed tem-se mostrado inflexível quanto a não negociar com grupos armados, acrescento­u.

A Embaixada dos Estados Unidos em Addis Abeba continua a instar os seus cidadãos que desejam deixar o país a fazê-lo em voos comerciais.

As autoridade­s etíopes continuam a protestar que os EUA e outros países ocidentais estão a interferir nos assuntos internos do país. “Esses países, especialme­nte os EUA, apoiam a TPLF, além de pressionar­em a Etiópia”, considerou Zadig Abrha, funcionári­o do Gabinete do Primeiro-ministro etíope.

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