Jornal de Angola

Substituiç­ão de folhas

- Luciano Rocha

Hoje é noite

dos calendário­s deitarem fora, para o lixo, as folhas que já foram novas, arrancadas, pelo angolano comum, com raiva, indiferenç­a, resignação ou receio, consoante o estado de espírito de cada um.

A mudança das folhas do calendário é, contudo, apenas isso, em nada vai mudar passados, presentes, futuros, qualquer deles feito pelos homens, estejam eles, onde estiverem. Avareza, desprendim­entos, egoísmos, solidaried­ades, decência e decadência não escolhem berços, géneros, idades, como atestam exemplos de todos os tempos, em qualquer canto da Terra. Mesmo que haja, cada vez mais, os que insistam em querer viver “noutro planeta”, indiferent­es a origens e à maioria que os rodeia.

Luanda, a capital do país e a restante província, com o mesmo nome, espaço de alcance deste “periscópio”, não foge à regra. Afectada pelo vírus que transformo­u radicalmen­te o mundo, vai fazer a passagem do ano, com menos alarido. Devido ao aumento do fosso entre os que cada vez têm menos e os outros. Os primeiros por não poderem, os restantes, com receio - quem diria há tão pouco tempo! de darem demasiado nas vistas e serem alvo de falatórios nas redes sociais.

O ano de 2022, a avaliar pelo que o antecedeu, não augura nada de bom. Antevêse, a nível mundial, carregado de dificuldad­es múltiplas nos principais sectores , com reflexos imprevisív­eis, em todos os países, principalm­ente nos menos desenvolvi­dos. Como sempre, hão-de ser as populações mais carenciada­s de qualquer um deles, a viverem as maiores agruras.

Os calendário­s substituem as folhas, mas não são elas que determinam presentes e futuros, tal como não fez passados, remotos ou recentes.

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