Gestão de espaços
A criação
de vários projectos culturais e artísticos, muitas vezes, peca na concepção por falta da participação directa das associações culturais, na concepção de ideias e projectos, a acrescentar valor excepcional aos programas executados. Ao longo dos anos a classe artística tem se mostrado agastada, pelo facto de a maioria das vezes não ser convidada para a elaboração dos mais variados projectos e programas artísticos, num desrespeito aos artistas.
Ao reagir, recentemente, ao Jornal de Angola, sobre o impacto das obras de requalificação e apetrechamento do futuro Palácio da Música e Teatro de Luanda, orçadas em 85 milhões de dólares, de acordo com um despacho publicado no Diário da República, de 4 de Novembro de 2021, o presidente da Associação Angolana de Teatro (AAT), Adelino Caracol, considerou importante que a gestão desses espaços seja entregue aos próprios artistas, para maior rentabilização dos mesmos e criar independência financeira dos grupos.
A Companhia de Dança Contemporânea de Angola (CDC Angola) reagiu, igualmente, em nota de imprensa, manifestando indignação pela designação atribuída ao antigo Cine Restauração, o qual, após ter sido a sede da Assembleia Nacional, surge como Palácio da Música e Teatro de Luanda.
Embora reconheça os benefícios que poderá trazer às artes, por um lado, a CDCA defende que a designação de Palácio, "há muito caiu em desuso, por nos remeter para um contexto de regimes políticos em decadência que instrumentalizavam as artes mantendo-as cativas da sua grandiosa máquina propagandística ditatorial, por outro, marginaliza, numa total falta de respeito e consideração, os artistas profissionais da dança que têm contribuído, em diversos contextos, géneros e formas, para o surgimento e visibilidade de outras propostas estéticas e de outras linguagens artísticas que incluem e transcendem a música e o teatro”.