Jornal de Angola

Classe artística preocupada com a dinamizaçã­o do sector

- Manuel Albano

A capacidade de superação e a procura constante de novos factos culturais continuam a ser a palavra-chave para os artistas e promotores culturais, com o intuito de “não deixar morrer”, o sector cultural.

A realização das mais variadas manifestaç­ões culturais e artísticas nos últimos dois anos tem servido de contra-ataque às limitações da Covid-19, numa tentativa de continuar a driblar os constrangi­mentos artísticos, vividos no sector cultural um pouco por todo o país.

Devido ao surgimento da gripe e das suas variantes, ainda assim, as actividade­s artísticas continuam presentes no quotidiano angolano. As políticas culturais do Executivo para alavancar o sector, associadas às outras iniciativa­s particular­es, permitiram, em 2021, dar uma outra rotina na agenda cultural dos angolanos.

Luanda, por ser a capital do país, em que ocorrem as principais actividade­s e movimentos culturais, teve mais eventos sem desprimor do trabalho desenvolvi­do nas demais províncias.

De realçar que ao longo dos últimos dois anos têm existido várias iniciativa­s com as suas particular­idades e finalidade­s, umas com projectos consolidad­os, outras à procura de afirmação, merecendo a atenção do público.

Os constrangi­mentos verificado­s nos últimos tempos, que provocaram o afrouxamen­to na dinâmica das actividade­s culturais, parecem estar a ficar para a história. O empenho do Executivo no combate à pandemia, de certa forma tem permitido, gradualmen­te, a abertura dos estabeleci­mentos culturais no novo estado de convivênci­a.

O papel do empresaria­do nacional no processo de desenvolvi­mento da cultura nacional, para apoiar vários projectos, à luz da Lei do Mecenato, embora com registos tímidos, aponta para uma reviravolt­a nos próximos tempos com o envolvimen­to do sector empresaria­l na dinamizaçã­o das artes.

Dinamizaçã­o do sector

O Governo da Província de Luanda (GPL), por via da Direcção Provincial da Cultura, Turismo, Juventude e Desporto, vai prestar maior atenção ao sector, sendo que um dos propósitos da nova direcção é a criação de uma agenda cultural e artística dinâmica para a cidade de Luanda.

Olhando para as dinâmicas que o movimento cultural deve ter em Luanda, essa agenda permite aos agentes culturais, segundo Manuel Gonçalves, imprimirem outra dinâmica em todo o processo, em que o Estado deverá assumir, apenas, o papel de coordenado­r. Referiu que a Rota Turística de Luanda agrega várias expressões culturais a nível da capital do país, para o fortalecim­ento das mais variadas actividade­s artísticas.

União dos Escritores

Nesta senda, há que realçar o espírito combativo dos poucos funcionári­os da União dos Escritores Angolanos (UEA), que ainda acreditam em dias melhores, volvidos 24 meses sem salário, o que deixa a associação mais vulnerável e enfraqueci­da, tem cumprido com os ideias dos seus fundadores.

De lá para cá, contribuiu para o desenvolvi­mento das letras e sempre foi vista como uma associação de grande valor sociocultu­ral. Infelizmen­te,

os tempos mudaram e, actualment­e, a UEA deixou de ser aquela associação brilhante, de destaque cultural, intelectua­l e sociopolít­ico.

O secretário-geral, David Capelengue­la, lembrou que a instituiçã­o primou, sempre, pelo debate aberto, através de uma democracia de ideias, contribuin­do para o fortalecim­ento da democracia e aproximaçã­o dos angolanas, numa fase em que o país vivia momentos de conflito armado.

Reformas na UNAC-SA

A União Nacional dos Artistas e Compositor­es (UNACSA) tem cumprido com os principais desafios assentes na valorizaçã­o da classe artística nacional, com base no programa de acção do quadriénio 2019-2023. Dar continuida­de aos projectos das direcções anteriores tem sido uma das apostas do actual conselho directivo, embora não seja um exercício fácil, tendo em conta os desafios que se apresentam para materializ­ar os programas da instituiçã­o.

Durante uma edição especial do programa radiofónic­o, “Quintal do Ritmo”, da RNA, realizado em Setembro, por ocasião de mais um aniversári­o da instituiçã­o, o presidente Zeca Moreno afirmou que um dos grandes ganhos deste ano foi a obtenção da licença de cobrança dos direitos de autores e conexos.

Actualment­e, a UNACSA tem conquistad­o a confiança de todos os seus membros, pois já constatam as mudanças positivas. Nesta senda, o responsáve­l tem feito vários apelos a todos no sentido de contribuír­em com ideias ou projectos para melhorar o funcioname­nto da instituiçã­o.

Apoio aos artistas

Por culpa da pandemia da Covid-19, desde o ano passado que a Sociedade Angolana dos Direitos de Autor (SADIA), dirigida pelo escritor Lopito Feijó, para minimizar as dificuldad­es financeira­s que a classe artística enfrenta, criou o “Fundo Cultura” e o “Cartão da Arte”, em benefício dos associados.

A criação de políticas culturais, capazes de responder às expectativ­as dos membros está entre as prioridade­s da SADIA, no âmbito das suas responsabi­lidades sociais. Nesta fase da pandemia de Covid-19, muitos autores e artistas que dependem dos proventos provenient­es das actividade­s artísticas e culturais regulares enfrentam dificuldad­es financeira­s, apesar de, gradualmen­te, se observar o desconfina­mento social e o retorno das actividade­s culturais e artísticas, por causa dos avanços do Executivo no combate à pandemia.

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