Classe artística preocupada com a dinamização do sector
A capacidade de superação e a procura constante de novos factos culturais continuam a ser a palavra-chave para os artistas e promotores culturais, com o intuito de “não deixar morrer”, o sector cultural.
A realização das mais variadas manifestações culturais e artísticas nos últimos dois anos tem servido de contra-ataque às limitações da Covid-19, numa tentativa de continuar a driblar os constrangimentos artísticos, vividos no sector cultural um pouco por todo o país.
Devido ao surgimento da gripe e das suas variantes, ainda assim, as actividades artísticas continuam presentes no quotidiano angolano. As políticas culturais do Executivo para alavancar o sector, associadas às outras iniciativas particulares, permitiram, em 2021, dar uma outra rotina na agenda cultural dos angolanos.
Luanda, por ser a capital do país, em que ocorrem as principais actividades e movimentos culturais, teve mais eventos sem desprimor do trabalho desenvolvido nas demais províncias.
De realçar que ao longo dos últimos dois anos têm existido várias iniciativas com as suas particularidades e finalidades, umas com projectos consolidados, outras à procura de afirmação, merecendo a atenção do público.
Os constrangimentos verificados nos últimos tempos, que provocaram o afrouxamento na dinâmica das actividades culturais, parecem estar a ficar para a história. O empenho do Executivo no combate à pandemia, de certa forma tem permitido, gradualmente, a abertura dos estabelecimentos culturais no novo estado de convivência.
O papel do empresariado nacional no processo de desenvolvimento da cultura nacional, para apoiar vários projectos, à luz da Lei do Mecenato, embora com registos tímidos, aponta para uma reviravolta nos próximos tempos com o envolvimento do sector empresarial na dinamização das artes.
Dinamização do sector
O Governo da Província de Luanda (GPL), por via da Direcção Provincial da Cultura, Turismo, Juventude e Desporto, vai prestar maior atenção ao sector, sendo que um dos propósitos da nova direcção é a criação de uma agenda cultural e artística dinâmica para a cidade de Luanda.
Olhando para as dinâmicas que o movimento cultural deve ter em Luanda, essa agenda permite aos agentes culturais, segundo Manuel Gonçalves, imprimirem outra dinâmica em todo o processo, em que o Estado deverá assumir, apenas, o papel de coordenador. Referiu que a Rota Turística de Luanda agrega várias expressões culturais a nível da capital do país, para o fortalecimento das mais variadas actividades artísticas.
União dos Escritores
Nesta senda, há que realçar o espírito combativo dos poucos funcionários da União dos Escritores Angolanos (UEA), que ainda acreditam em dias melhores, volvidos 24 meses sem salário, o que deixa a associação mais vulnerável e enfraquecida, tem cumprido com os ideias dos seus fundadores.
De lá para cá, contribuiu para o desenvolvimento das letras e sempre foi vista como uma associação de grande valor sociocultural. Infelizmente,
os tempos mudaram e, actualmente, a UEA deixou de ser aquela associação brilhante, de destaque cultural, intelectual e sociopolítico.
O secretário-geral, David Capelenguela, lembrou que a instituição primou, sempre, pelo debate aberto, através de uma democracia de ideias, contribuindo para o fortalecimento da democracia e aproximação dos angolanas, numa fase em que o país vivia momentos de conflito armado.
Reformas na UNAC-SA
A União Nacional dos Artistas e Compositores (UNACSA) tem cumprido com os principais desafios assentes na valorização da classe artística nacional, com base no programa de acção do quadriénio 2019-2023. Dar continuidade aos projectos das direcções anteriores tem sido uma das apostas do actual conselho directivo, embora não seja um exercício fácil, tendo em conta os desafios que se apresentam para materializar os programas da instituição.
Durante uma edição especial do programa radiofónico, “Quintal do Ritmo”, da RNA, realizado em Setembro, por ocasião de mais um aniversário da instituição, o presidente Zeca Moreno afirmou que um dos grandes ganhos deste ano foi a obtenção da licença de cobrança dos direitos de autores e conexos.
Actualmente, a UNACSA tem conquistado a confiança de todos os seus membros, pois já constatam as mudanças positivas. Nesta senda, o responsável tem feito vários apelos a todos no sentido de contribuírem com ideias ou projectos para melhorar o funcionamento da instituição.
Apoio aos artistas
Por culpa da pandemia da Covid-19, desde o ano passado que a Sociedade Angolana dos Direitos de Autor (SADIA), dirigida pelo escritor Lopito Feijó, para minimizar as dificuldades financeiras que a classe artística enfrenta, criou o “Fundo Cultura” e o “Cartão da Arte”, em benefício dos associados.
A criação de políticas culturais, capazes de responder às expectativas dos membros está entre as prioridades da SADIA, no âmbito das suas responsabilidades sociais. Nesta fase da pandemia de Covid-19, muitos autores e artistas que dependem dos proventos provenientes das actividades artísticas e culturais regulares enfrentam dificuldades financeiras, apesar de, gradualmente, se observar o desconfinamento social e o retorno das actividades culturais e artísticas, por causa dos avanços do Executivo no combate à pandemia.