Detida cidadã suspeita de querer vender o filho
Além da mãe, a Polícia tem, também, sob sua custódia, a suposta compradora, acusada de aliciar mulheres grávidas
Uma mulher foi detida, pela Polícia Nacional, em Luanda, acusada de tentar vender a própria filha, uma recémnascida, soube, ontem, o Jornal de Angola de fonte do Núcleo de Investigação de Ilícitos Penais (NIIP) do Comando Municipal da Samba.
Além da progenitora, a Polícia Nacional deteve, igualmente, na quarta-feira, a suposta cliente, sob a acusação de tráfico de crianças.
A fonte deste diário esclareceu que, depois do parto, a mãe da criança terá desaparecido, de forma misteriosa, da Maternidade da Samba, o que levantou suspeitas da equipa médica. Em função disso, o Comando da Polícia da Samba recebeu uma denúncia anónima.
Nas investigação feitas, a Polícia soube que o acordo entre mãe e possível compradora da bebé iniciou por via das redes sociais, quando a senhora ainda tinha seis meses de gestação.
“O contacto, que seria para uma simples amizade virtual, teria um único objectivo: comprar a criança”, disse a fonte da Investigação Policial.
Depois do pedido de amizade aceite nas redes sociais, a mulher de 32 anos começou por aliciar a jovem grávida, assumiu as despesas das consultas pré-natais e resolveu algumas necessidades pessoais da gestante, atitudes que a levaram a acreditar que a amiga virtual era de confiança.
Daí, os contactos se intensificaram e o suposto acordo, pelas redes sociais, para a venda da criança estava firmado. “Não se sabe o valor da recompensa financeira, mas a mãe acredita que seria um valor que mudaria a sua vida”, esclareceu.
Após o nascimento da criança, na passada segundafeira, na Maternidade da Samba, a amiga virtual ficou com o bebé e cortou o contacto com a progenitora, facto que a deixou preocupada, por desconhecer o endereço da mesma.
A Polícia veio a descobrir que a denúncia anónima foi feita pela própria progenitora, quando sentiu que perderia quer a bebé, quer o dinheiro que lhe tinha sido prometido pela potencial compradora.
Diligências foram feitas e o NIIP do Comando Municipal da Samba conseguiu localizar a acusada de rapto da recém-nascida. Na residência desta, a Polícia encontrou outras duas crianças, uma de dez meses e outra de cinco anos, cujo paradeiro dos pais é desconhecido.
A mesma fonte do NIIP da Samba disse que, no interrogatório, a suposta compradora tentou simular que o bebé foi deixado à porta de sua casa, na terça-feira, após a chuva que se abateu sobre Luanda.
“As investigações continuam, no sentido de se esclarecer até que ponto há outros implicados no crime”, tendo justificado que há fortes indícios de que a mãe pretendia vender o bebé.
INAC condena acto
Contactado pelo Jornal de Angola, o director-geral do Instituto Nacional da Criança (INAC), Paulo Kalesi, condenou o acto, alegando que, se existem indícios que levam a concluir que houve tentativa de tráfico, o facto merece um estudo profundo das autoridades.
Paulo Kalesi apelou à população a evitar situações do género, recordando que há no país instituições competentes que autorizam e legalizam a adopção de crianças.