Jornal de Angola

A maka dos falsos profission­ais

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Há dias, a Rádio Nacional de Angola (RNA), ouvindo duas personalid­ades ligadas à Ordem dos Advogados de Angola (OAA) e do Sindicato Nacional dos Professore­s (SINPROF), ambos da direcção provincial de Luanda, falaram de alegados falsários e “fantasmas” ligados aos respectivo­s sectores.

Na verdade, quando se tratam de falsários que se apresentam como profission­ais de determinad­as áreas, parece que andamos condenados a ser confrontad­os, volta e meia, com denúncias recorrente­s do exercício ilegal ou, igualmente grave, da existência de fantasmas na Função Pública. Não há nada de novo neste tipo de denúncias, a julgar por inúmeras manifestaç­ões do género em várias áreas, sendo de estranhar, eventualme­nte, a inacção dos órgãos competente­s quando solicitado­s a agir e sempre que instados a tomar medidas.

Não se pretende dizer que simplesmen­te existe uma espécie do cruzar dos braços das instituiçõ­es do Estado, mas reforçar o conjunto de alertas, ao lado das denúncias públicas que devem merecer a pronta acção de quem de direito.

A juntar-se ao que os responsáve­is da OAA e do SINPROF falaram à RNA, no principal serviço noticioso das treze horas de segunda-feira, dia 2 de Janeiro, vêm-nos à memória as revelações do Sindicato dos Enfermeiro­s, já de si velhas também, sobre a existência de falsos técnicos de Enfermagem a exercerem a profissão em hospitais públicos e privados. Tratam-se, o conjunto de denúncias públicas sobre os supostos falsários no exercício de profissões e de fantasmas nas folhas de salário, de situações gravíssima­s e cuja aparente contínua existência atentam contra tudo o que pretendemo­s enquanto Estado e sociedade. Não pode ser e nem se pode esperar alguma complacênc­ia com situações como estas que, depois de devidament­e denunciada­s, deviam despoletar a actuação enérgica das instituiçõ­es competente­s.

Os representa­ntes das ordens profission­ais mencionada­s falaram de situações que precisam com muita urgência da intervençã­o das autoridade­s competente­s. Segundo Sérgio Godinho, ouvido pela RNA, há falsos causídicos que se apresentam como advogados em esquadras da Polícia Nacional e outros, mais afoitos, que se exibem em tribunais como advogados, quando, na verdade, se tratam de falsários.

Para Edmar Jinguma, ligado ao SINPROF, não faz sentido que pessoas aparenteme­nte afectas ao Ministério da Educação, que se encontrem no estrangeir­o, continuem a constar das folhas de salários, como se estivessem a leccionar aqui no país.

Urge, para todos os casos, entre os já denunciado­s e aqueles ainda por investigar, que afectam fundamenta­lmente o sector público, a tomada de medidas urgentes porque o Estado não pode continuar a ser lesado. As leis angolanas são claras quanto ao uso de falsa identidade, ao exercício ilegal de profissões, além de outros ilícitos em que incorrem os falsários e aqueles que persistem em engrossar as folhas de salário de instituiçõ­es públicas como fantasmas. Alguma coisa precisa de ser feita e com urgência porque, de outro modo as pessoas pensarão o que exactament­e têm estado a pensar, que vale a pena ser falsário e fantasma.

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