Mais de mil doentes de TB há meses sem assistência
De Janeiro a Dezembro do ano transacto, as autoridades sanitárias registaram um total de 996 novos casos da doença
Mais de mil doentes de tuberculose pulmonar, na província do Cuando Cubango, encontram-se, há mais de seis meses, sem fazer a devida assistência, por falta de medicamentos da fase inicial para o tratamento no Hospital Sanatório de Menongue.
O supervisor provincial do Programa de Combate à Tuberculose e Lepra, Domingos Tchihungi, disse ao Jornal de Angola que a instituição possui em stock apenas mais de 100 mil comprimidos para o tratamento da segunda fase da doença, que, até ao mês de Junho deste ano, podem terminar, caso não haja abastecimento prévio.
Domingos Tchihungi disse que o número de doentes de tuberculose pulmonar tende a aumentar, numa altura em que se regista a rotura do stock de medicamentos, desde Junho do ano passado.
Quanto ao número de casos, revelou que, de Janeiro a Dezembro do ano transacto, a instituição registou um total de 996 novos doentes.
Desse número de casos averbados no ano 2021, nos municípios de Menongue, Cuchi, Cuito Cuanavale, Cuangar, Calai e Mavinga, 538 cidadãos são do sexo masculino e 458 do sexo feminino, com idades compreendidas entre os 15 e 64 anos.
“Tivemos 19 mortes”, lamentou o supervisor ao alertar que “caso o reabastecimento dos medicamentos não for feito atempadamente, a recuperação dos pacientes infectados será mais difícil, tendo em conta que a medicação poderá não resultar nos prazos previstos”.
Domingos Tchihungi apontou, entre as causas da proliferação da doença, o trabalho forçado, malnutrição, consumo excessivo de drogas e bebidas alcoólicas, má dieta alimentar, VIH/SIDA e prática de exercícios físicos desorientados. Fez saber que os medicamentos para o tratamento da tuberculose pulmonar não são comercializados em farmácias da província, estando essa missão reservada apenas ao Hospital Sanatório de Menongue, que também faz a distribuição gratuita aos pacientes.
Explicou que os pacientes e seus familiares, desde que possuam recursos financeiros, têm recorrido a farmácias privadas do Bié, Huambo e Luanda. “Os preços dos medicamentos podem dos quatro a cinco mil kwanzas por lâmina”, disse.
Casos de abandono
Antes dessa situação, Domingos Tchihungi lamentou o facto de muitos pacientes terem abandonado o tratamento da tuberculose e só voltarem a procurar ajuda médica e medicamentosa quando a doença se agrava, o que contribui para o aumento de mortes e de novas infecções.
“Muitos enfermos, após notarem algumas melhorias, abandonam o tratamento e voltam a ingerir bebidas alcoólicas, com realce para as caseiras, efectuar trabalhos forçados e não cumprem rigorosamente com a dieta alimentar orientada pelos médicos”, referiu.
Por isso, Domingos Tchihungi defende a realização de mais campanhas de educação sobre a doença, terapia sob observação directa para todos no serviço e domicílio, gestão precoce e eficaz dos efeitos colaterais, seguimento e avaliação periódica do enfermo, apoio psicossocial e emocional, bem como intervenções de apoio socioeconómicas.
Caso o reabastecimento de medicamentos não for feito atempadamente, a recuperação dos pacientes será mais difícil, tendo em conta que a medicação poderá não resultar