Jornal de Angola

Pandemia e extremos

- Luciano Rocha

A pandemia, que continua à solta pelo mundo, driblando cientistas e restrições, vestindo-se, para isso, com novas roupagens e usando artimanhas nunca vistas, como se não nos bastasse o vírus que a transporta ser incolor, inodoro e invisível.

Esta pandemia, além de colecciona­r óbitos, como raramente doenças conhecidas causaram, superando as relacionad­as com guerras, calamidade­s naturais e as provocadas pela inconsciên­cia humana, arrasa economias, desfaz projectos, despedaça sonhos, escarnece de poderosos, abrevia calvários dos pobres.

A pandemia alterou os hábitos das sociedades, todas elas: as tidas como mais desenvolvi­das e as do fundo da tabela do progresso engendrada por quem tem dinheiro, tempo e interesse para as mandar fazer.

A pandemia que comanda o mundo teve, igualmente, capacidade de encurtar vocabulári­os, aumentando uso de palavras relacionad­as com ela. Entre estas, está “negacionis­tas”, os que se recusam, com os mais variados e disparatad­os argumentos, a cumprir determinaç­ões destinadas a combatê-la, pondo em risco não somente as vidas deles e dos que lhes são mais próximos, como de todos os outros.

Os “negacionis­tas” estão, contudo, cada vez menos sozinhos no que toca a desvarios. A oporem-se-lhes despontam, agora, os “alarmistas”, que descortina­m focos de contágios em cada canto. Para eles, ninguém devia pôr o pé na rua sem estar coberto da cabeça aos pés, tal e qual apicultore­s. Enfim, como soe dizer-se, “nem tanto à terra, nem tanto ao mar” ou entre uns e outros “venha o diabo e escolha”.

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DR Jonh Nkengasong

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