O “lado digital” da burla
“Caro cidadão, tenha muita atenção com as actualizações através do Internet Banking e multicaixa Express”, assim aconselha o Serviço de Investigação Criminal (SIC) por via de as conhecidas “sms”, enviadas nos últimos dias pelas principais operadoras de telefonia móvel. Oportunamente, e de forma regular, os órgãos da Polícia Nacional, assim como as outras instituições do Estado, têm procurado alertar as populações em todo o país sobre as consequências da eventual adesão cega e despreocupada aos serviços que se apresentam através das plataformas digitais.
As compras e aquisições por meios electrónicos, muitas vezes sem conhecimento efectivo do domicílio físico do ente que se propõe prestar um determinado serviço e sem as outras precauções, têm grande probabilidade de se transformar em actos ilícitos.
Por detrás da Internet, algumas vezes, através de cópias dos verdadeiros Sites comerciais, com contactos telefónicos descartáveis, se escondem, aparentemente com alguma vantagem, numerosos falsários e burlões. Daí a necessidade ilimitada do cuidado que as pessoas devem ter na hora de aderir ao chamado e-commerce, aos pagamentos e transferências de dinheiros, mesmo nas circunstâncias em que aparentemente esteja identificada “a outra parte”.
A mensagem do SIC é clara numa altura em que cresce a adesão aos serviços de pagamentos e transferências de valores pelas plataformas digitais, evidentemente, um ganho da sociedade angolana. Mas tal como as outras formas de avanço, comodidade e celeridade na efectivação de alguns serviços, através da Internet, o lado menos bom aproveitado por oportunistas, burlões e outros malfeitores também acompanha a referida evolução.
Obviamente que não podemos condenar o recurso tecnológico que os tempos modernos proporcionam às sociedades, independentemente de sectores mais conservadores levantarem as esperadas reservas e alguns resistirem mesmo à adesão. Mas a inevitabilidade do digital “invadir” e impor-se em todas as áreas é já uma realidade praticamente incontornável e, poderíamos ainda dizer sem qualquer exagero, sem alternativa.
Tal como no passado, hoje também todos os passos no sentido de avanço da ciência e da técnica, vão sempre acabar por ser aproveitados para outros fins, diferentes do bem comum. E contra essa realidade o que há a fazer consiste, entre outros, no redobrar da vigilância, à medida que nos vamos adaptando às novas formas de ser e estar num mundo moldado à velocidade das tecnologias.
Portanto, devemos continuar a prestar atenção às mensagens semelhantes às enviadas pelo SIC e outras instituições do Estado para que o espectro da burla, do engano, do roubo e furto através das plataformas digitais seja, efectivamente, afugentado.
Apenas a vigilância, o recurso directo ao banco em caso de suposta advertência de actualização dos dados, a certificação do domicílio do ente digital que procede à venda na Internet, entre outras diligências, nos poderão livrar das formas subtis de engano e fraude. Não perder de vista que as técnicas e o raciocínio requintado dos burlões acompanham exactamente aquilo que são os avanços e inovações da ciência e tecnologia.