Jornal de Angola

Milhares de sudaneses protestam em todo o país

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Milhares de sudaneses manifestar­am-se, ontem, por todo o país contra o poder militar, dias depois da demissão do Primeiro-ministro, contaram testemunha­s à agência France-press.

Apesar de uma forte presença policial em Cartum, os manifestan­tes dirigiram-se para o Palácio Presidenci­al, no centro da capital sudanesa, disseram as mesmas fontes.

O Sudão vive um impasse político desde o golpe militar de 25 de Outubro, que ocorreu dois anos após uma revolta popular remover do poder o autocrata Omar albashir e o seu Governo islamita em Abril de 2019.

Sob pressão internacio­nal, os militares reinstalar­am, em Novembro, o Primeiromi­nistro deposto no golpe, Abdalla Hamdok, para liderar um Governo tecnocrata, mas o acordo não envolveu o movimento pró-democracia por detrás do derrube de al-bashir.

Desde então, Hamdok não conseguiu formar o Governo perante protestos incessante­s, não só contra o golpe de Estado, mas também contra o acordo com os militares e acabou por demitir-se no domingo.

A repressão das manifestaç­ões fez, desde o golpe e até agora, pelo menos, 57 mortos e centenas de feridos.

“Troika” rejeita PM nomeado pelos militares

A “troika do Sudão, composta pelos Estados Unidos da América, Reino Unido e Noruega, e a União Europeia (UE), avisaram que, no seguimento da renúncia do Primeiro-ministro,

não apoiarão um chefe de Governo nomeado unilateral­mente pelos militares.

“Atroika e a União Europeia não apoiarão um Primeiro-ministro ou um Governo designado sem a participaç­ão de um amplo consenso das partes civis interessad­as”, avisaram os países num comunicado conjunto, numa referência à liderança militar que intentou um golpe de Estado.

No texto, citado pela agência Efe, os países afirmam ainda que “a acção unilateral para nomear um novo Primeiro-ministro e um Governo seria um golpe na credibilid­ade dessas instituiçõ­es e corre o risco de lançar a nação num conflito”.

Assim, continua o comunicado, a troika e a União Europeia defendem que os militares e os civis devem “compromete­r-se imediatame­nte com um diálogo liderado pelos sudaneses e facilitado internacio­nalmente para abordar estes e outros problemas” relacionad­os com a transição democrátic­a neste país africano.

Numa referência explícita ao Primeiro-ministro, que apresentou demissão, o comunicado afirma que Hamdok “desempenho­u um papel importante para realizar reformas democrátic­as e económicas no Sudão” e conclui que a sua saída do Governo “reforça a necessidad­e urgente de que todos os líderes sudaneses voltem a compromete­r-se com a transição democrátic­a no país”.

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