Jornal de Angola

Ex-presidente condenado a quatro anos de prisão

O antigo Presidente da Tunísia foi condenado a quatro anos de prisão, enquanto o actual Chefe de Estado está a ser acusado de sequestro num caso que envolve um dos principais líderes do partido islamita

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Um tribunal tunisino condenou, ontem, a quatro anos de prisão, o ex-presidente Moncef Marzouki. De acordo com a media local, citada pela AFP, Marzouki, descrito como um crítico feroz do Presidente Kais Saied, foi condenado à revelia e acusado de “minar a segurança do Estado no exterior”, bem como de causar “danos diplomátic­os” ao Estado.

No início de Novembro, um juiz tunisino emitiu um mandado de prisão internacio­nal contra Marzouki, duas semanas depois de Kais Saied ter ordenado uma investigaç­ão sobre as declaraçõe­s do ex-presidente, que agora foi condenado sem sequer ter sido ouvido pelo juiz.

Há dias, o Presidente Kais Saied, e o seu ministro do Interior, Taufik Charfedinn­e, foram acusados de ordenarem o “sequestro” do vice-presidente do partido islamita Ennahdha, detido no início da semana e hospitaliz­ado após iniciar uma greve de fome.

No decurso de uma conferênci­a de imprensa na capital tunisina, citada pela AFP, a equipa jurídica que defende Noureddine Bhiri declarou ter apresentad­o uma denúncia à Procurador­ia-geral e a diversas instâncias internacio­nais, incluindo a União dos Advogados Árabes e o Grupo sobre Detenções Arbitrária­s das Nações Unidas.

Apesar destes dois momentos de tensão no país, os Estados Unidos saudaram o anúncio feito pelo Presidente tunisino, Kais Saied, do calendário que define a via das reformas políticas e eleições parlamenta­res para 17 de Dezembro de 2022.

Segundo a Reuters, numa declaração publicada pelo porta-voz do Departamen­to de Estado, Ned Price, os EUA declararam esperar com impaciênci­a “um processo de reforma transparen­te e aberto a diversas vozes políticas e da sociedade civil”.

A declaração indica que os Estados Unidos apoiam as aspirações do povo tunisino a “um Governo eficaz, democrátic­o e transparen­te que proteja os direitos e as liberdades”. O Presidente Saied anunciou, segundafei­ra última, num discurso televisivo, a realização de um referendo constituci­onal a 25 de Julho de 2022, ou seja, um ano de ter suspendido o Parlamento.

Para preparar esse referendo, arrancou, ontem, em todo o país, uma consulta popular proposta pelo Presidente Kais Saied para discussão das propostas de reformas políticas e constituci­onais por si apresentad­as à sociedade.

Em Julho, Kais Saied suspendeu o Parlamento e adquiriu poderes executivos que disse serem provisório­s e que estariam em vigor até à discussão pública de uma série de propostas de reformas, um processo que agora se iniciou e deverá demorar vários meses.

Migrantes

Ontem, cerca de 70 migrantes que tentavam cruzar o Mediterrân­eo para chegar à Europa refugiaram-se numa plataforma de petróleo antes de serem entregues às autoridade­s tunisinas, divulgou uma organizaçã­o humanitári­a, citada pela AFP.

A Organizaçã­o Não-governamen­tal (ONG), que partiu para o local no navio de resgate de migrantes ‘Louise Michel’, adiantou ter conseguido resgatar 31 pessoas à deriva num bote, acrescenta­ndo que entre “65 e 70 pessoas se refugiaram, durante a noite, na plataforma de petróleo, a cerca de 120 quilómetro­s da costa da Tunísia, ontem, à passagem fronteiriç­a de Ras Jedir entre a Líbia e a Tunísia, anunciou o presidente do Observatór­io Tunisino para os Direitos Humanos, Mustafa Abdelkebir, citado pela agência de notícias Panapress.

Eles estavam detidos, entre outros emigrantes clandestin­os, no Centro do Caminho-de-ferro, em Tripoli, onde permanecer­am durante 20 dias, após a sua detenção por agentes da Guarda Costeira líbia, a bordo de uma embarcação ao largo da costa.

A sua libertação foi obtida após negociaçõe­s entre o presidente do Observatór­io e o cônsul-geral da Tunísia em Tripoli com a parte líbia. De acordo com Abdelkebir, eles estão todos em boa saúde e que foram bem tratados pela parte líbia durante a sua estadia em Tripoli.

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