CARTAS DOS LEITORES
Há dias, fiquei estarrecido com o balançofeitopelapolícianacionalsobre o período entre 24 de Dezembro até ao dia 30 do mesmo mês do ano passado. Segundo a corporação, ocorreram 247 acidentes de viação que causaram 60 mortes e mais de duas centenas de feridos. É muita morte que, segundo cálculos, dá um rácio de 10 por dia, dentro daquele intervalo de dias, uma situação que devia levar a sériasreflexõeseàtomadademedidas consentâneas com o que realmente tem ocorrido nas nossas estradas. Não podemos continuar a consentir, de ano para ano, o número elevado demortosnasnossasestradas,numa altura em que aparentemente tende aserencaradocomnaturalidade.isto porque,alémdenãoprovocarrepulsa, não causar reacções que incidam na tomada das medidas que se impõem, a sinistralidade rodoviária com as mortes que ocorrem todos os dias nas nossas estradas ser encarada como uma espécie de o “pão nosso de cada dia”. Não é normal que morram 10 pessoaspordia,comumbalançopolicial que passou como algo inteiramentehabitual.nãoseiatéqueponto os últimos acontecimentos que enlutaram a Polícia Nacional acabaram por “ofuscar” o que se passou nas nossas estradas, mas continua como uma realidade difícil de digerir. E depois, não podemos apenas ver as mortesemsi,masfundamentalmente acomponenteeconómicaefinanceira em que depois incorrem as famílias que perderam os entes nos acidentes mortais. Em alguns casos, senão em boa parte dos mesmos, as pessoas que perderam as vidas nos acidentes ocorridos entre 24 a 30 de Dezembro passado eram pessoas que “aguentavam”osagregadosfamiliares,razão pela qual o seu passamento sobrecarregará as respectivas famílias. Alémdonúmeropreocupantedemortes nas estradas, esteve igualmente o número de feridos que, como é fácil de ver, vai obrigar igualmente ao Estado e às famílias custos acrescidos na medida em que muitos passarão, do ponto de vista económico, a inválidos. Muitos dos feridos deixarão de contribuir positivamente nas áreas em que se encontravam e isto sem qualquer desprimor para os nossos compatriotasportadoresdedeficiência que, nas condições em que se encontram, dão também o seu melhor ali onde podem e nas circunstâncias em que o conseguem dar.
Acho que está na hora de as autoridades angolanas implementarem um regime mais apertado de fiscalização do trânsito, penalizações mais severas contra a condução sob efeito de álcool, ao lado de campanhas de sensibilização e educação. Na verdade, é preciso que as atenções incidam também sobre os peões porque, afinal de contas, nem toda a sinistralidade rodoviária é apenas decorrente da condução em si, sendo também em muitos casos provocada pela circulação irresponsável de peões. Há peões que andam alcoolizados, de qualquer maneira e sem ummínimoderespeitoàvida,própria edeterceiros.achoqueumdospassos que baixará significativamente a sinistralidade rodoviária deve passar pela proibição absoluta da condução sob efeito de álcool, com a detenção imediata do condutor e respectiva apreensão da viatura. Outra, devia ser a proibição estrita de circular a pé na estrada fora da passadeira, sob pena de o infractor incorrer em pesadas multas. Quem conduz embriagado deve ser julgado sumariamente e condenado a inibição de condução por algum tempo e quando reincidir vitaliciamente. De outro modo, enquanto as penalizações continuarem brandas mais famílias continuarão enlutadas, sobrecarregadasfinanceira e economicamente.