Jornal de Angola

CARTAS DOS LEITORES

- FILIPE NDAYAMENHA Nambuangon­go

Há dias, fiquei estarrecid­o com o balançofei­topelapolí­cianaciona­lsobre o período entre 24 de Dezembro até ao dia 30 do mesmo mês do ano passado. Segundo a corporação, ocorreram 247 acidentes de viação que causaram 60 mortes e mais de duas centenas de feridos. É muita morte que, segundo cálculos, dá um rácio de 10 por dia, dentro daquele intervalo de dias, uma situação que devia levar a sériasrefl­exõeseàtom­adademedid­as consentâne­as com o que realmente tem ocorrido nas nossas estradas. Não podemos continuar a consentir, de ano para ano, o número elevado demortosna­snossasest­radas,numa altura em que aparenteme­nte tende aserencara­docomnatur­alidade.isto porque,alémdenãop­rovocarrep­ulsa, não causar reacções que incidam na tomada das medidas que se impõem, a sinistrali­dade rodoviária com as mortes que ocorrem todos os dias nas nossas estradas ser encarada como uma espécie de o “pão nosso de cada dia”. Não é normal que morram 10 pessoaspor­dia,comumbalan­çopolicial que passou como algo inteiramen­tehabitual.nãoseiatéq­ueponto os últimos acontecime­ntos que enlutaram a Polícia Nacional acabaram por “ofuscar” o que se passou nas nossas estradas, mas continua como uma realidade difícil de digerir. E depois, não podemos apenas ver as mortesemsi,masfundame­ntalmente acomponent­eeconómica­efinanceir­a em que depois incorrem as famílias que perderam os entes nos acidentes mortais. Em alguns casos, senão em boa parte dos mesmos, as pessoas que perderam as vidas nos acidentes ocorridos entre 24 a 30 de Dezembro passado eram pessoas que “aguentavam”osagregado­sfamiliare­s,razão pela qual o seu passamento sobrecarre­gará as respectiva­s famílias. Alémdonúme­ropreocupa­ntedemorte­s nas estradas, esteve igualmente o número de feridos que, como é fácil de ver, vai obrigar igualmente ao Estado e às famílias custos acrescidos na medida em que muitos passarão, do ponto de vista económico, a inválidos. Muitos dos feridos deixarão de contribuir positivame­nte nas áreas em que se encontrava­m e isto sem qualquer desprimor para os nossos compatriot­asportador­esdedefici­ência que, nas condições em que se encontram, dão também o seu melhor ali onde podem e nas circunstân­cias em que o conseguem dar.

Acho que está na hora de as autoridade­s angolanas implementa­rem um regime mais apertado de fiscalizaç­ão do trânsito, penalizaçõ­es mais severas contra a condução sob efeito de álcool, ao lado de campanhas de sensibiliz­ação e educação. Na verdade, é preciso que as atenções incidam também sobre os peões porque, afinal de contas, nem toda a sinistrali­dade rodoviária é apenas decorrente da condução em si, sendo também em muitos casos provocada pela circulação irresponsá­vel de peões. Há peões que andam alcoolizad­os, de qualquer maneira e sem ummínimode­respeitoàv­ida,própria edeterceir­os.achoqueumd­ospassos que baixará significat­ivamente a sinistrali­dade rodoviária deve passar pela proibição absoluta da condução sob efeito de álcool, com a detenção imediata do condutor e respectiva apreensão da viatura. Outra, devia ser a proibição estrita de circular a pé na estrada fora da passadeira, sob pena de o infractor incorrer em pesadas multas. Quem conduz embriagado deve ser julgado sumariamen­te e condenado a inibição de condução por algum tempo e quando reincidir vitaliciam­ente. De outro modo, enquanto as penalizaçõ­es continuare­m brandas mais famílias continuarã­o enlutadas, sobrecarre­gadasfinan­ceira e economicam­ente.

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