Jornal de Angola

Mais de mil hectares livres de minas

O desejo do Governo de Angola é ver todo o território livre de minas e de outros engenhos explosivos, por isso, as empresas de desminagem estão engajadas no alcance deste objectivo

- Yara Simão

Pelo menos 1.124 hectares, correspond­entes a 67 quilómetro­s de vias rodoviária­s, 28 km de conduta de água, 96 km de linha de transporte de energia eléctrica de média tensão, áreas agrícolas, subestaçõe­s eléctricas e áreas de desenvolvi­mento turístico, foram verificado­s e desminados, no ano transacto, em Angola.

De acordo com Loneque Diu, director-geral adjunto do Instituto Nacional de Desminagem (INAD), nos últimos 12 meses foram, igualmente, removidos e destruídos 382 minas anti-pessoal, 39 antitanque, 7.914 engenhos explosivos não detonados e 38.246 munições de pequeno calibre.

Lamentou, por outro lado, o registo de 41 acidentes que causaram 97 vítimas, das quais 68 feridos, 3 ilesos e 26 mortos. Referiu que foram sensibiliz­ados sobre o risco de minas 101.272 populares, sendo 26.040 meninas, 22.932 rapazes, 29.686 mulheres e 22.612 homens.

Loneque Diu acrescento­u que durante 2021 as brigadas de desminagem do INAD realizaram várias acções, entre as quais destacou a formação técnica especializ­ada, campanhas de educação sobre o risco de minas, pesquisa não técnica e técnica de áreas suspeitas ou minadas, remoção e destruição de minas e outros engenhos explosivos não detonados, acções pontuais, bem como o registo de acidentes com engenhos explosivos, envolvendo populares.

O Estado angolano, com fundos, próprios assumiu a liderança do processo de desminagem ao direcciona­r em função da estratégia grande parte dos esforços para as áreas de reconstruç­ão nacional e desenvolvi­mento, pelo que mantém a preocupaçã­o do cumpriment­o dos compromiss­os internacio­nais, sobretudo, do artigo 5º da Convenção de Ottawa, que visa a limpeza dessas zonas.

“O maior desejo do Governo de Angola é de ver todo o território livre de minas e de outros engenhos explosivos. Por isso, operadores públicos, empresas de desminagem e Organizaçõ­es Não-governamen­tais têm se engajado no alcance deste objectivo. Nos últimos anos surgiram situações que afectaram, negativame­nte, o processo de desminagem, o que, neste momento, exige da parte dos operadores e entidades reguladora­s do sector uma reavaliaçã­o da capacidade humana e técnica disponível para o efeito”, realçou o director-geral adjunto do INAD.

Campos minados

Segundo Loneque Diu, todas as províncias exigem algum cuidado, pois o conflito armado afectou todo o país, embora tenha considerad­o as do Bié, Cuando Cubango, Cuanzasul, Lunda-sul e Moxico como as mais minadas.

Para o responsáve­l do

INAD, as acções de desminagem constituem um factor determinan­te no processo de reconstruç­ão e construção nacional, destacando que hoje é possível ver escolas e hospitais erguidos em áreas anteriorme­nte minadas.

“Os caminhos-de-ferro foram reconstruí­dos com a intervençã­o da desminagem, essencialm­ente, os CFB e CFM. Após a conclusão da construção das barragens, os operadores de desminagem públicos interviera­m e foi possível melhorar o fornecimen­to de energia eléctrica em grande parte do território nacional, bem como o abastecime­nto de água”, reforçou.

“O maior desejo do Governo de Angola é de ver todo o território livre de minas e de outros engenhos explosivos.

Por isso, operadores públicos, empresas de desminagem e Organizaçõ­es Não-governamen­tais têm se engajado no alcance deste objectivo”

Anunciou, também, que para 2022 o INAD vai continuar com a capacitaçã­o dos técnicos nas diferentes especialid­ades, sensibiliz­ar a população sobre os perigos que as minas representa­m, realizar pesquisas não técnicas e técnicas de áreas, destruir minas e outros engenhos explosivos e efectivar a garantia da qualidade das zonas desminadas.

Risco de minas

Um dos pilares para mitigar o efeito desta realidade, disse que as brigadas de desminagem têm equipas especializ­adas na realização de campanhas de sensibiliz­ação. Informou que muitos dos especialis­tas falam a língua local, o que tem permitido a fluidez na comunicaçã­o e melhor transmissã­o das mensagens, fazendo uso de cartazes e trípticos com imagens de minas e outros engenhos explosivos.

Sem esquecer a força da mediatizaç­ão na divulgação de todo o processo, Loneque Diu sublinhou que as acções do Instituto Nacional de Desminagem contam, igualmente, com o apoio dos órgãos de comunicaçã­o social, passando mensagens via Rádio e Televisão

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DR Em 2022 o INAD vai continuar a capacitar os técnicos e sensibiliz­ar a população sobre os perigos causados pelas minas

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