Jornal de Angola

O recenseame­nto militar

-

Dizem os entendidos em Ciências Militares que a “paz é apenas o intervalo entre a última guerra e a futura, ainda que imaginária”, razão pela qual os Estados, desde a antiguidad­e aos tempos modernos, têm necessidad­es permanente­s de garantirem a defesa da sua integridad­e territoria­l. E esta realidade efectiva-se, entre outros, com o processo de recenseame­nto para que se certifique­m, os Estados, das reservas mobilizáve­is sempre que surjam novos ou velhos casus belli. Cada Estado deve saber com que meios humanos pode contar para a sua própria defesa, enquanto pressupost­o para a sua sobrevivên­cia e continuida­de no concerto das nações em pé de igualdade com os outros Estados.

Em Angola, enquanto Estado independen­te, soberano e capaz de se defender de eventuais ameaças externas, as coisas sucedem exactament­e tal como esperado em qualquer Estado moderno. E para começar, o recenseame­nto militar é dos pressupost­os vitais porque apenas assim o Estado prepara-se melhor ao saber, antecipada­mente, com que meios humanos e em que quantidade pode contar.

Desde o dia 3 de Janeiro decorre em todo o país e no estrangeir­o, ali onde se encontrem nacionais angolanos, o processo de recenseame­nto oficioso de todos os cidadãos nacionais do sexo masculino, nascidos entre os dias 1 de Janeiro e 31 de Dezembro de 2004, ao abrigo da Lei Geral do Serviço Militar.

De acordo com uma nota do Ministério da Defesa Nacional e Veteranos da Pátria, citada pela Angop, o processo, que se estende até ao dia 30 de Dezembro deste ano, decorrerá no território nacional e na diáspora.

Trata-se de um imperativo legal e decorrente da necessidad­e de sobrevivên­cia do Estado, intrinseca­mente ligado à renovação regular e qualitativ­a dos efectivos das Forças Armadas Angolanas (FAA), conforme as necessidad­es.

Ao lado do Recenseame­nto Militar, feito ao abrigo da Lei número 1/93, de 26 de Março (Lei Geral do Serviço Militar), não seria exagerado, tal como defendem muitas vozes, se houvesse reflexão, auscultaçã­o e discussão em torno da necessidad­e ou não da reintroduç­ão do Serviço Militar Obrigatóri­o.

É verdade que as FAA implementa­m hoje um processo próprio de recrutamen­to, especifica­mente ligado às necessidad­es de renovação das suas unidades, em termos de meios humanos, primando mais para o factor qualidade, em detrimento da quantidade. Em todo o caso e a julgar pelas necessidad­es permanente­s de assegurar a defesa do solo pátrio, ao lado dos crescentes desafios do papel que o país deve jogar, sempre que instado a participar em missões internacio­nais de manutenção, construção ou imposição da paz, o recrutamen­to efectivo e regular seria complement­ar ao processo de renovação regular e qualitativ­a dos efectivos das FAA.

O importante é que o recenseame­nto militar anual, abrangendo os nacionais no país e no estrangeir­o, continua como um indicativo vital das reservas mobilizáve­is.

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Angola