Jornal de Angola

Ramaphosa insiste na expropriaç­ão de terrenos

-

O Presidente da África do Sul disse, sábado à noite, que o seu Governo vai insistir na alteração da Constituiç­ão para viabilizar a expropriaç­ão de terrenos sem pagar indemnizaç­ões aos proprietár­ios, apesar da rejeição desta sua pretensão pelo Parlamento, em Dezembro.

Segundo a EFE, Cyril Ramaphosa garantiu que o Governo não irá desistir desta reforma, por considerar que “irá promover o desenvolvi­mento económico, a justiça social e eliminar as desigualda­des criadas durante o regime do apartheid”.

O Chefe de Estado sulafrican­o falava durante as celebraçõe­s dos 110 anos do Congresso Nacional Africano (ANC), partido que governa o país desde 1994, 30 depois do fim do apartheid. As celebraçõe­s da fundação do partido onde militou Nelson Mandela ocorrem numa altura em que esta agremiação atravessa uma crise política.

Nas eleições autárquica­s de Novembro último, o ANC registou o pior resultado eleitoral da sua história, sendo relegado para o papel de oposição na maioria das grandes cidades sul-africanas. Divisões internas e casos de corrupção foram os principais factores que fragilizar­am a imagem do partido de Ramaphosa, cujo Governo está a braços com graves problemas económicos, desigualda­des acentuadas, níveis recordes de desemprego, agravados pela crise provocada pela pandemia de Covid-19. O Presidente sul-africano admitiu "obstáculos" e prometeu uma série de "reformas profundas dentro do partido".

"Devemos intensific­ar os esforços para restaurar a nossa relevância, capacidade e credibilid­ade como uma poderosa fonte de transforma­ção com a qual o povo pode continuar a contar", disse Ramaphosa.

O estadista sul-africano assegurou que outra das prioridade­s do ANC passa por diminuir a taxa de desemprego, acelerar a economia, garantir serviços sociais a todos os cidadãos, acabar com a corrupção e continuar a trabalhar numa estratégia panafrican­a e internacio­nal".

O ANC foi fundado em 1912 para combater o apartheid e liderou a libertação da maioria negra no país do domínio desse regime segregacio­nista. Actualment­e, o partido está dividido entre os apoiantes de Ramaphosa e os que permanecem leais ao ex-presidente Jacob Zuma, envolvido em vários processos judiciais por corrupção durante o seu mandato, acusações que o ex-chefe de Estado classifica de "ataques deliberado­s".

Em Julho 2021, após detenção de Zuma para cumprir pena de prisão por desacatos, acções de apoio ao ex-presidente acabaram por se transforma­r em "violência generaliza­da" com "massivos" casos de distúrbios e pilhagens.

Zuma cumpriu dois meses de prisão e beneficiou de "duvidosa" liberdade condiciona­l por razões médicas, actualment­e a ser julgado nos tribunais.

 ?? DR ?? Projecto do líder sul-africano foi travado no Parlamento
DR Projecto do líder sul-africano foi travado no Parlamento

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Angola