Jornal de Angola

Banda Dizu Dietu surge no mercado nacional

- Analtino Santos

A Banda Dizu Dietu (Nossa linguagem musical ou Nosso Som) acaba de surgir no mercado musical nacional, com a sua estreia pública realizada no passado domingo, no Restaurant­e-esplanada da Praça da Unidade Africana, no Bairro Miramar, em Luanda.

Teddy Nsingui, Raúl Tollingas, Mias Galheta, Rufino Cipriano, Lito Graça, Legalize, Bucho e Yark Spin fazem parte deste projecto musical da Brasom, que reunirá artistas de diferentes gerações e formações, com a proposta de trazer canções da saudade.

O espectácul­o de estreia teve uma componente de música instrument­al, com Teddy Nsingui a abrir com “Choro da Madrugada”, um original de Márioferna­ndesdosneg­oleiros do Ritmo. Dos dois mais referencia­dosguitarr­istasdamús­ica angolana, Marito e Zé Keno recorreram a “Semba Henda” e “Pôr do Sol”. O seu lado de cantoreste­vepresente­em“juju” e “Coco”, trazendo a rumba congolesa de Tabu Ley Rochereaux e Francó.

A juventude mostrou a força com Bucho e Yark Spin, o primeiro a assegurar a percussão e o segundo o ritmo que caracteriz­ou os principais temas da nossa música. Bucho como sempre mostrou que absorveu muito bem as batidas e “rufos” de Joãozinho Morgado. Yark Spin evidenciou os seus dotes de solista em “Ngola” e “Plena Jacto” trazendo mais uma vez Marito dos Kiezos e revivendo o autor do “Solista Praguejado”, de Constantin­o dos Águias Reais.

Lito Graça e Legalize foram as vozes para as canções da saudade proposta para a estreia da Banda Dizu Dietu como: “Kua Dila”, “O Manu Ua Fudi”, “Kamba Diame”,”cinco Sociedades”, “Rumba Ya Tukina”, “Rosa Maria”, “Kialumingo”,

“Semba Lecado”, “Zinha”, “Kumbia Dya” , “Calema”, “Manuel” e outros sucessos. Os dois emocionara­m a plateia nos temas imortaliza­dos pelas interpreta­ções de Teta Lando, Pedroromeu,davidzé,urbano de Castro, Artur Nunes, Carlos Burity e Sabu Guimarães.

Rufino Cipriano, nos teclados, também entrou na recriação de um instrument­al recorrendo aos sons latinos com “Playa Coloredo” de Hugo Blanco. Mias Galheta, o baixista, discreto em palco, esteve sempre a fazer a marcação ideal dos temas. Tollingas alia de modo oposto, a presença em palco não passou despercebi­do assim como o som da dikanza, instrument­o indispensá­vel na música de matriz nacional.

Ilídio Brás, responsáve­l desta iniciativa, justificou da seguinte forma a criação da banda: "Foi o primeiro de uma série de quatro concertos que acontecerã­o aqui e, posteriorm­ente, vamos levar para outros pontos da cidade. A nossa marca será canções do passado, por isto na fase inicial pensamos em Banda Jienda (saudades)”.

Raúl Tollingas propôs o nome Dizu Dietu, termo em kimbundu que em português significa “Nossa linguagem musical”. Lucas Cabral e Rui Saraiva, dois entusiasta­s da música angolana e conselheir­os da Brasom, aprovaram e assim nasceu a Banda Dizu Dietu, uma formação que vem na sequência da apresentaç­ão do livro “A mística e simbolismo dos tambores - Joãozinho Morgado”, da autoria do crítico literário Jomo Fortunato.

Gilberto Júnior, Manuel Claudino, Tony da Baba, Rui Lopes dentre outras figuras ligadas ao movimento cultural testemunha­ram o nascimento de uma formação com potencial para o mercado musical nacional e que concilia a experiênci­a de artistas consagrado­s, com jovens preocupado­s em manter a rítmica angolana.

 ?? ALBERTO PEDRO | EDIÇÕES NOVEMBRO ?? Mais recente banda musical surgida no domingo último no mercado angolano tem como marca as canções do passado
ALBERTO PEDRO | EDIÇÕES NOVEMBRO Mais recente banda musical surgida no domingo último no mercado angolano tem como marca as canções do passado

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Angola