Crise alimentar pode afectar cerca de 18 milhões de pessoas
A ONU diz que a escassez de alimentos atingiu níveis alarmantes no Burkina Faso, Chade, Mali e Níger, onde a situação poderá piorar entre Junho a Agosto
As Nações Unidasestimaram, ontem, que cerca de 18 milhões de pessoas, na região africana do Sahel, atingida pela seca, irão enfrentar uma crise alimentar durante os próximos três meses.
O porta-voz do Programa Alimentar Mundial (PAM), Tomson Phiri, disse, durante uma conferência de imprensa em Genebra, Suíça, divulgada ela EFE, que a organização enfrenta uma "grave escassez de fundos" e não tem condições para ajudar as pessoas visadas na referida região.
"As necessidades são muito elevadas, mas os recursos são baixos", disse, indicando que a situação forçou o PAM a reduzir as rações de ajuda alimentar que distribui em alguns países da região.
"O PAM tem apelado às entidades com capacidade para financiarem as suas necessidades, mas ainda não obteve resposta para fazer face às preocupações que se afiguram na região do Sahel, onde a situação já é crítica e tende a ser muito mais . Ou seja, prevemos que nos próximos meses milhões de pessoas ficarão sem alimentos" , sublinhou Tomson Phiri.
No Chade, por exemplo, os baixos níveis de financiamento forçaram o PAM a reduzir as rações de emergência para deslocados e refugiados para metade, desde Junho de 2021.
Se os doadores não fornecerem mais fundos, o PAM terá também de suspender a sua assistência em dinheiro no início de Julho em algumas partes do país. Segundo proj ecções do Gabinete das Nações Unidas para os Assuntos Humanitários (OCHA), os cerca de 18 milhões de pessoas afectadas pela fome no Sahel constituem "o número mais elevado desde 2014".
Esta situação é o resultado de uma combinação de factores, de acordo com a ONU, que cita o conflito, a pandemia da Covid-19, a seca e o aumento dos preços dos alimentos.
"No Sahel, espera-se que 7,7 milhões de crianças, com menos de cinco anos de idade, sejam subalimentadas. Cerca de 1,8 milhões estão gravemente desnutridas , e se as operações de ajuda não forem intensificadas, este número poderá aumentar para 2,4 milhões até ao final do ano", disse um porta-voz da OCHA, Jens Laerke, acrescentando que, "a situação atingiu níveis alarmantes no Burkina Faso, Chade, Mali e Níger, onde haverá falta de alimentos durante a estação magra, entre Junho a Agosto".
Em alguns destes países, a escassez de alimentos é acentuada devido ao recrudescimento de conflitos armados, pois em muitas zonas agrícolas há insegurança constante devido às ofensivas de grupos rebeldes.
As Nações Unidas estão já a mobilizar , igualmente, apoios para a assistência médica, pois os milhões de crianças que já estão desnutridas precisam urgente de observação médica, particularmente no Burkina Faso , Chade, Mali e Níger, onde se prevê que a situação venha a tornar-se ainda mais crítica nos próximos meses.
A região do Sahel tem sido assolada por conflitos armados, com destaque para os diversos grupos com ligações ao Estado Islâmico e à Al-qaeda, que se dedicam exclusivamente ao rapto de mulheres , assassinatos de civis e destruição de infra-estruturas .