Jornal de Angola

Eurásia dúvida do regresso das petrolífer­as em Moçambique

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A consultora Eurásia considerou, ontem, que é improvável que as companhias energética­s internacio­nais voltem a recomeçar os trabalhos no Norte de Moçambique nos próximos 12 meses, devido à inseguranç­a persistent­e e à reorganiza­ção dos terrorista­s. "O potencial para o Estado Islâmico providenci­ar financiame­nto e recursos aos insurgente­s e a possível chegada de reforços da Tanzânia vai, provavelme­nte, fortalecer a insurgênci­a, tornando o recomeço do projecto de exploração de gás natural liquefeito, nos próximos 12 anos, improvável", lê-se num relatório da empresa sobre os principais acontecime­ntos em várias economias africanas.

No documento, enviado aos investidor­es e a que a Lusa teve acesso, a Eurásia diz que "a insurgênci­a deverá persistir, no seguimento da reorganiza­ção do grupo terrorista que opera em Moçambique".

O Estado Islâmico designou Moçambique como uma das suas províncias , segundo Eurásia, concluindo que "o anúncio demonstra a reorganiza­ção das operações do grupo terrorista em África e um alargament­o das suas operações no país".

A análise da Eurásia contradiz a opinião do comandante-geral da Polícia de Moçambique (PRM), Bernardino Rafael, que disse , há uma semana, que "a guerra contra o terrorismo está quase a chegar ao fim".

Bernardino Rafael fez um ponto de situação sobre o combate contra grupos armados que aterroriza­m distritos da província de Cabo Delgado, no passado dia 13, quando falava para um contingent­e militar do Rwanda, no Posto Administra­tivo de Chai, distrito de Macomia.

"Não estamos a dizer que chegámos ao fim, mas está quase", declarou Rafael, salientand­o que já foram executadas 70% das operações militares planeadas contra os grupos armados na província de Cabo Delgado.

A província de Cabo Delgado é rica em gás natural, mas aterroriza­da desde 2017 por rebeldes armados, sendo alguns ataques reclamados pelo grupo extremista Estado Islâmico. A petrolífer­a francesa Total Energies retirouse da região no ano passado, e disse que só voltará quando estiverem reunidas condições de segurança, algo que a própria empresa estima poder acontecer ainda este ano.

Há 784 mil deslocados internos devido ao conflito, de acordo com a Organizaçã­o Internacio­nal das Migrações (OIM), e cerca de 4.000 mortes, segundo o projecto de registo de conflitos ACLED.

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